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Líder do grupo Wagner quebra silêncio após rebelião contra Putin e diz por que recuou

Segundo o líder do Wagner, o intuito era evitar a "destruição" do grupo

Grupo Wagner: a tensão ocorreu em meio à contraofensiva das tropas ucranianas para reconquistar territórios tomados pela Rússia (AFP/AFP)

Grupo Wagner: a tensão ocorreu em meio à contraofensiva das tropas ucranianas para reconquistar territórios tomados pela Rússia (AFP/AFP)

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 26 de junho de 2023 às 12h32.

Última atualização em 26 de junho de 2023 às 13h27.

O líder do grupo paramilitar Wagner, Yevgeny Prigojin, rompeu o silêncio nesta segunda-feira, 26, após a rebelião contra a Rússia neste fim de semana ao postar uma mensagem de áudio de 11 minutos no Telegram, afirmando que seu objetivo não era "derrubar" Putin da liderança da Rússia.

Ele explica que o objetivo da marcha era demonstrar protesto e "não permitir a destruição do grupo Wagner". Ele garantiu que não havia o intuito de "derrubar o poder no país". Prigojin também afirmou que o Wagner lamenta o fato de o grupo ter precisado "atingir a aviação russa" e que recuaram "para evitar o derramamento de sangue de soldados russos".

Chefe do grupo paramilitar privado liderou uma rebelião armada na Rússia no sábado, e afirmou que suas forças chegaram a 200 km de Moscou. Eles tomaram a cidade de Rostov no Don, que foi desocupada no domingo após acordo costurado pelo presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, entre os mercenários e o Putin.

Por que o grupo Wagner queria derrubar o Putin

O líder da milícia Wagner acusou na sexta-feira, 23, o Exército de Moscou de bombardear suas bases e convocou a população a se revoltar contra o comando militar. 

O Exército negou as acusações, que chamou de "provocação", enquanto os serviços de segurança russos abriram uma investigação contra Yevgeny Prigozhin, por tentativa de motim.

A tensão ocorreu em meio à contraofensiva das tropas ucranianas para reconquistar territórios tomados pela Rússia desde o início da intervenção militar, em fevereiro de 2022.

Horas antes do surgimento da crise, Prigozhin afirmou que o Exército russo estava "se retirando" no leste e sul da Ucrânia, contradizendo as afirmações do Kremlin, que afirma que a contraofensiva de Kiev fracassa. "As Forças Armadas ucranianas estão fazendo as tropas russas recuarem", declarou, em entrevista publicada no aplicativo Telegram por seu serviço de imprensa.

"Não há controle algum, não há vitórias militares" de Moscou, insistiu Prigozhin, acrescentando que os militares russos "se banham em seu sangue", referindo-se às grandes perdas sofridas pelas tropas regulares. Putin e seu ministro da Defesa, Sergei Shoigu, afirmam, por sua vez, que o Exército está "repelindo" todos os ataques ucranianos.

O que é o grupo Wagner?

Fundado em 2014, o Wagner é um grupo paramilitar privado de mercenários composto de ex-soldados, prisioneiros e civis russos e estrangeiros. O líder da equipe de elite é o oligarca Yevgeny Prigozhin, com forte ligação ao Kremlin. As primeiras missões do grupo ocorreram em Donbass, no leste da Ucrânia, e na península da Crimeia, quando os mercenários ajudaram as forças separatistas a tomar a região.

Durante anos, Prigojin fez trabalho clandestino para o Kremlin, enviando mercenários de seu grupo privado para lutar em conflitos no Oriente Médio e na África, sempre negando qualquer envolvimento. Com a guerra na Ucrânia, Putin utilizou os mercenários no conflito. Segundo estimativas, os paramilitares têm mais de 20 mil soldados na guerra da Ucrânia.

O líder, Yevgeny Prigozhin, afirmou que 25 mil soldados estão prontos para derrubar o ministro da defesa russo. 

Quem é Yevgeny Prigojin, ex-vendedor de cachorro-quente e líder do grupo Wagner

Prigojin nasceu em São Petersburgo em 1961 e foi preso por cometer pequenos delitos na adolescência e foi condenado por quase dez anos. Quando saiu da prisão, ele e sua mãe começaram a vender cachorro-quente e depois abriram um restaurante, foi quando ele conheceu Vladimir Putin. Ele se tornou um oligarca rico após conseguir contratos lucrativos de refeições com o com o Kremlin, o ficou conhecido como o “chef de Putin”.

Ele virou um combatente de guerra após os movimentos separatistas apoiados pela Rússia em 2014 no Donbass, no leste da Ucrânia. Prigojin fundou o grupo Wagner para ser um grupo paramilitar que lutaria em qualquer causa apoiada pela Rússia, em qualquer lugar do mundo.

Prigozhin ganhou influência política e se lançou em um confronto com autoridades políticas e militares que parece ter ido além da retórica.

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