Nas últimas eleições regionais os independentistas conseguiram 47,52% dos votos, contra os 43,45 conseguidos pelos partidos que defendem a continuidade da Catalunha como parte da Espanha (Fabian Bimmer/Reuters)
EFE
Publicado em 9 de julho de 2018 às 16h20.
Madri - O líder independentista catalão Joaquim Torra disse nesta segunda-feira (09) ao chefe do Executivo da Espanha, o socialista Pedro Sánchez, que o seu governo "não descarta fórmula alguma para chegar à independência", um assunto sobre o qual ele admitiu que os dois tiveram posições divergentes.
Em entrevista coletiva ao término do encontro que aconteceu em Madri, Torra explicou que, ambos concordaram que a situação da Catalunha tem que ser abordada do ponto de vista político e disse que foi possível "falar de tudo" e abrir uma relação "bilateral" que continuará em uma segunda reunião em Barcelona, que deve acontecer "em breve". Na reunião, que durou mais de duas horas e meia, Torra expôs o direito de autodeterminação da Catalunha, um assunto sobre o qual Sánchez respondeu que "há muito pouco a se falar", já que não está contemplado na Constituição.
O presidente regional catalão insistiu que qualquer "solução política" passa por reconhecer a autodeterminação, "que tem o apoio de 80% dos catalães". Nas últimas eleições regionais os independentistas conseguiram 47,52% dos votos, contra os 43,45 conseguidos pelos partidos que defendem a continuidade da Catalunha como parte da Espanha. Além disso, Torra exigiu a Sánchez que acabe com "a perseguição judicial e política contra o separatismo" e reivindicou o fim "à perseguição de ideias".
Torra confirmou que Sánchez se comprometeu a suspender os "vetos" que o governo central tem interposto em relação ao Tribunal Constitucional (TC) contra algumas leis catalãs como forma de normalizar a relação entre as duas administrações, muito desgastada pelo processo separatista da Catalunha. Os dois também decidiram convocar uma reunião para acertar esses aspectos.
O encontro, o primeiro entre os dois governantes, gerou grande expectativa, já que não havia uma agenda estabelecida, mas o governo da Espanha anunciou na semana passada que nenhum tema estaria vetado. Há dois anos, um líder da Catalunha não ia ao Palácio da Moncloa, sede do Executivo espanhol.