Olimpíadas: especialistas temem um novo aumento de casos de coronavírus em Tóquio. (Kim Kyung/Reuters)
Fabiane Stefano
Publicado em 6 de julho de 2021 às 07h00.
Garantir que 11.000 atletas de mais de 200 países fiquem em uma cidade por 16 dias já era um desafio logístico. Agora, considere fazer isso em meio a uma pandemia global que alterou escalas de voos, fechou fronteiras internacionais e tornou impossível qualquer movimento sem vacinação e vários testes de Covid.
Para centenas de autoridades da organização olímpica de olho no início dos Jogos de Tóquio é uma grande dor de cabeça. Esqueça a contagem de medalhas e as festas, chegar ao Japão a tempo já é meio caminho andado.
A equipe de Fiji, uma pequena nação insular do Pacífico Sul conhecida por praias tropicais, está voando de Nadi para Narita em um serviço que geralmente transporta frutos do mar resfriados, como atum, e correios.
“Viajar é definitivamente um grande desafio”, disse Lorraine Mar, chefe da Associação de Esportes de Fiji e Comitê Olímpico Nacional. “A Fiji Airways não está fazendo nenhum voo comercial no momento, então vamos embarcar em um de carga.”
Outras equipes estão descobrindo que precisam viajar milhares de quilômetros na direção errada antes de chegar ao Japão.
Em circunstâncias normais, a equipe do Sri Lanka teria seguido em um vôo para Singapura e de lá para Tóquio. Mas com os casos de Covid subindo em média 2.000 por dia, a ilha ao sul da Índia está banida de entrar em muitos países. Como resultado, a equipe agendou voo na Qatar Airways via Doha, segundo o presidente do Comitê Olímpico Nacional do Sri Lanka, Suresh Subramaniam. Há um voo reserva na SriLankan Airlines caso a situação mude.
Embora a maioria dos atletas tenha sido totalmente vacinada e os organizadores dos jogos exijam testes de Covid-19 negativos antes de chegarem, já ocorreram alguns transtornos. Dois membros da equipe olímpica de Uganda testaram positivo no Japão no mês passado, apesar de terem sido imunizados, e no fim de semana, um remador da Sérvia testou positivo.
A delegação brasileira -- grupo de quase 300 atletas competindo em esportes desde esgrima a skate, tiro, natação e ginástica --- teve que correr para conseguir voos da Deutsche Lufthansa depois que a Air Canada cancelou os que levariam a equipe via Toronto.
“Devido à pandemia, tivemos que fazer algumas mudanças necessárias que exigiram criatividade”, disse o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, Paulo Wanderley Teixeira, acrescentando que até levar o equipamento esportivo para Tóquio foi uma “verdadeira operação de guerra”.
Outro problema logístico em meio a pandemia é que muitos atletas não conseguiram treinar em alguns locais, algo que teriam feito em outros tempos.
“Normalmente temos pelo menos 90 dias para conhecer as condições [do país] e agora teremos apenas oito. Esses oito dias para nosso esporte em particular não são suficientes”, disse Santiago Lange, marinheiro argentino que não pôde velejar na Argentina por vários meses devido às restrições da Covid no ano passado.
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