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Claudia López faz história e é a 1ª lésbica eleita como prefeita de Bogotá

Com um beijo afetuoso em sua companheira, a senadora Angélica Lozano, López comemorou a vitória

Claudia Lopez: cidade votou para que "desaprendamos o machismo, o racismo, o classismo, a homofobia e a xenofobia", declarou a prefeita (Luisa Gonzalez/Reuters)

Claudia Lopez: cidade votou para que "desaprendamos o machismo, o racismo, o classismo, a homofobia e a xenofobia", declarou a prefeita (Luisa Gonzalez/Reuters)

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AFP

Publicado em 28 de outubro de 2019 às 07h16.

Última atualização em 17 de dezembro de 2019 às 12h50.

A centro-esquerdista Claudia López, lésbica assumida e destaque da luta contra a corrupção na Colômbia, foi eleita neste domingo (27) prefeita de Bogotá, enquanto em Turbaco (norte), um ex-membro das Farc se tornou o primeiro ex-combatente eleito prefeito após os acordos de paz com a guerrilha desmobilizada.

Na capital, López, de 49 anos, obteve 35,23% dos votos em uma disputa apertada com o liberal Carlos Fernando Galán (32,47%), após a apuração de 99,41% das urnas.

"Mudamos a história! (...) Ganhamos a Prefeitura Maior de Bogotá", disse a dirigente opositora, após a eleição que a elegeu por uma apertada margem e fez dela a primeira lésbica eleita para comandar a prefeitura da capital colombiana.

Com um beijo afetuoso em sua companheira, a senadora Angélica Lozano, López comemorou a vitória, enquanto um pequeno grupo de simpatizantes cantava "Claudia, prefeita de Bogotá".

A cidade votou para que "desaprendamos o machismo, o racismo, o classismo, a homofobia e a xenofobia", declarou López, debaixo de uma chuva de papel picado e sob aplausos de seus seguidores reunidos em um auditório privado.

A vitória de López abre uma nova página em um país onde historicamente governam homens das elites conservadora e liberal.

Ela vai assumir o cargo em 1º de janeiro para comandar uma capital de 7,2 milhões de habitantes, sufocada por problemas de mobilidade e alta percepção de insegurança.

Conhecida por seu temperamento explosivo e sua disciplina, a prefeita eleita impulsionou sem sucesso, em 2018, uma consulta popular contra a corrupção na política.

Como acadêmica, investigou o chamado fenômeno da parapolítica: a aliança de líderes públicos com sanguinários grupos de ultra-direita, o que a forçou a buscar o exílio.

Também é conhecida pela veemente oposição à direita que governa a Colômbia há pouco mais de um ano, com Iván Duque à frente.

"Ser mulher não é um defeito, ser uma mulher de caráter, firme (...) não é um defeito. Ser gay não é um defeito, ser filha de uma família humilde não é um defeito", disse em entrevista à AFP na semana passada.

López foi eleita em um dos processos mais pacíficos em anos na Colômbia, apesar dos episódios de violência que marcaram sua campanha.

"Foram as eleições regionais mais pacíficas dos últimos anos", disse Juan Carlos Galindo, diretor do Registro Nacional, chefe do organismo encarregado de organizar as eleições.

Os colombianos — segundo Galindo — praticamente puderam votar em todos os postos habilitados nas primeiras eleições regionais organizadas desde o acordo de paz com a ex-guerrilha das Farc, em 2016.

Ex-combatente é eleito prefeito

Um ex-guerrilheiro conhecido como "o cantor das Farc" se tornou o primeiro ex-combatente eleito prefeito na Colômbia, desde o acordo de paz.

Guillermo Torres, de 65 anos, elegeu-se para a prefeitura do município de Turbaco, no departamento (estado) de Bolívar, um dos mais castigados pelo conflito armado no norte da Colômbia.

Também conhecido como Julián Conrado, o ex-combatente venceu com 50,11% dos votos contra 31,89% de seu principal adversário, segundo a autoridade eleitoral.

No entanto, sua vitória não pode ser atribuída à Força Alternativa Revolucionária do Comum (Farc), partido egresso dos acordos de paz que resultaram no desarmamento de 7.000 guerrilheiros marxistas.

Trinta e seis milhões de colombianos foram convocados a eleger 32 governadores, pouco mais de 1.100 prefeitos e milhares de legisladores regionais, como deputados e vereadores.

Além da violência, a corrupção - expressa na falta de transparência no financiamento das campanhas, na compra de votos e na interferência indevida de funcionários - era apontada por analistas como uma das máculas destas eleições.

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