De 1986 a 1994 Max Frankel ganhou destaque na organização interna do jornal como editor-executivo (Getty Images)
Repórter
Publicado em 25 de março de 2025 às 11h21.
Última atualização em 25 de março de 2025 às 13h44.
Morreu no último domingo, aos 94 anos, ex-editor-executivo do New York Times, Max Frankel, um dos maiores nomes da história da publicação americana.
Frankel nasceu na Alemanha em 1930, mas sua família precisou deixar o país por causa das forças nazistas, desembarcando nos Estados Unidos em 1940.
Max entrou para o Times em 1952. Cinco anos depois já estava trabalhando como correspondente do jornal em Moscou — vale lembrar que neste ano a União Soviética colocou no espaço o Sputnik, primeiro satélite artificial a orbitar a Terra, dando início à corrida espacial da guerra fria.
Em solo soviético, Frankel ficou encarregado de ouvir histórias de pessoas comuns e suas experiências sob o regime comunista. O jornalista também vivenciou a ascensão de Nikita Kruschev, que sucedeu os quase 30 anos de governo de Josef Stálin.
A carreira de Max Frankel não ficou resumida apenas à antiga União Soviética. Ele passou a cobrir histórias sobre a Cuba de Fidel Castro, um assunto sempre espinhoso para Washington.
Em 1973 ele ganhou o Pulitzer de reportagem internacional por sua cobertura da viagem histórica do presidente Richard Nixon à China.
De 1986 a 1994, Max Frankel ganhou destaque na organização interna do jornal como editor-executivo, levando o jornal a publicar mais notícias da metrópole e esportes. Segundo o obituário publicado pelo próprio Times, Frankel inaugurou uma era em que "vozes diversas foram incluídas na redação", num período de transição do jornal. Ele se aposentou ao final de seu trabalho como editor-executivo. Dois anos depois, em 1996, o Times lançaria seu website.
Após a aposentadoria, Frankel continuou a escrever. Em 2019, o Times publicou um artigo de opinião do jornalista intitulado The Real Trump-Russia Quid Pro Quo, onde ele alegou que a campanha de Trump e aliados do presidente russo Vladimir Putin "tinham um acordo abrangente: de ajuda na campanha contra Hillary Clinton para uma nova política externa pró-Rússia, começando com o alívio das onerosas sanções econômicas do governo Obama".
Um dos maiores nomes do chamado Novo Jornalismo, Gay Talese escreveu em 1969 um livro chamado O Reino e o poder, exatamente sobre a história do New York Times. O próprio Talese trabalhou no jornal de 1953 a 1965. No Brasil, a obra saiu em 2000 pela Companhia das Letras.
Frankel, claro, foi citado algumas vezes no trabalho de Talese. Mais precisamente em seis capítulos.
Em uma passagem, Talese conta que Frankel entregou sua carta de demissão para o jornal para aceitar um cargo na revista The Reporter. Dias depois, arrependido, pediu que a direção do Times não considerasse o documento — o que foi aceito.
Em outra história citada no livro, Talese conta que Frankel, antes de virar correspondente em Moscou, foi enviado em 1956 a Viena para cobrir os ecos da revolução que aconteceu na Hungria naquele mesmo ano. No entanto, Max foi apenas como enviado especial do jornal. A direção do Times não imaginaria que ficaria um bom tempo sem vê-lo na redação em Nova York. Depois de Viena, ele ficou um mês em Belgrado para cobrir férias de um colega. Já em 1957, em Moscou, começou a fazer história no jornal.
Ao todo, Max Frankel passou 48 anos de sua vida no New York Times, sendo 19 como repórter e correspondente, 21 como editor e seis como colunista da revista do jornal.