O ministro da Saúde, Marcelo Castro: "a posição do Ministério da Saúde é pela defesa da legalidade e a lei proíbe o aborto", disse (José Cruz/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 5 de fevereiro de 2016 às 20h02.
Brasília - O ministro da Saúde, Marcelo Castro, disse ao jornal O Estado de S.Paulo que não havia lido ainda a recomendação da Organização das Nações Unidas (ONU), mas lembrou que "a lei (brasileira) proíbe aborto" para este caso de bebês com microcefalia.
Nesta sexta-feira, 5, a ONU recomendou a liberalização do aborto e dos contraceptivos nos países mais atingidos pela epidemia de zika, em função das suspeitas de que o vírus pode causar má-formação em bebês, quando a mãe é contaminada ainda na gravidez.
Marcelo Castro, que afirmou ter sido surpreendido pela decisão da ONU, ressaltou que "a posição do Ministério da Saúde é pela defesa da legalidade e a lei proíbe o aborto".
Para o ministro, só se houvesse mudança na legislação, o que depende do Congresso Nacional, a pasta poderia defender o aborto para os casos comprovados de microcefalia, como sugere a ONU.
Um ministro do Palácio do Planalto disse ao jornal O Estado de S.Paulo que o governo não vai entrar na discussão sobre a legalização do aborto proposta pela OMS.
Segundo ele, neste momento é "impensável" enfrentar um debate tão polêmico, já que a presidente Dilma Rousseff passa tanto por uma crise política quanto econômica.
Na quinta-feira, a presidente Dilma Rousseff recebeu em seu gabinete o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Sérgio da Rocha, que apresentou a posição da Igreja contra o abordo dos bebês doentes. Dilma preferiu não opinar sobre o tema.
Fiocruz
Perguntado sobre o anúncio, na manhã desta sexta, pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que detectou pela primeira vez a presença do zika vírus ativo em amostras de saliva e urina, embora os pesquisadores tenham ressaltado que ainda não foi comprovada a transmissão do vírus por esses meios, o ministro Marcelo Castro declarou que essa notícia "é motivo de mais cuidados ainda".
O ministro explicou que já sabia da descoberta da Fiocruz, mas que não acompanhou o anúncio deles e que, como não tinha analisado e estudado o que foi descoberto, preferia não tecer maiores comentários sobre o caso.
Para ele, essa nova hipótese de transmissão por contato, deve levar às pessoas a terem "mais cuidado ainda". Ele acredita, no entanto, que esta transmissão só ocorra no período de febre de quem contraiu a doença.