Mundo

"Lei do fim da vida" entra em vigor na Itália

Projeto prevê que o paciente tenha o direito de abandonar o tratamento prescrito pelos médicos, inclusive os paliativos, quando não houver cura possível

Paciente em coma (iStock/Thinkstock)

Paciente em coma (iStock/Thinkstock)

Maurício Grego

Maurício Grego

Publicado em 14 de dezembro de 2017 às 13h17.

O Senado da Itália aprovou de maneira definitiva, nesta quinta-feira (14), a lei que regulamenta o chamado "biotestamento" no país, que legisla sobre os procedimentos adotados pelos pacientes que estão passando por tratamentos médicos.

O texto foi aprovado com 180 votos a favor, 71 contra e seis abstenções, e quando o placar foi revelado, um longo aplauso foi ouvido na Casa. A nova legislação já entra em vigor imediatamente.

A votação de hoje era considerada mais "tranquila" pelo governo, que apoiou o projeto, após o Senado ter rejeitado mais de três mil emendas no projeto na tarde desta quarta-feira (13).

Além de contar com o apoio da bancada do Partido Democrático (PD), a lei também era apoiada pelo oposicionista Movimento Cinco Estrelas (M5S).

"Biotestamento: Do Senado uma liberação para uma escolha de civilidade. Um passo adiante para a dignidade das pessoas", disse o primeiro-ministro da Itália, Paolo Gentiloni, através de sua conta no Twitter.

Já o presidente do Senado, Pietro Grasso, afirmou que a aprovação foi possível "graças à busca do maior compartilhamento possível também sobre as questões que mais nos dividiam".

"Mesmo com a diversidade de opiniões, perante a nós, precisamos ter presente a vida real das pessoas, as suas necessidades, os seus sofrimentos, as suas expectativas. Podemos dizer que cumprimos nossa missão quando, com consciência, decidimos sob critérios de responsabilidade", destacou Grasso.

O projeto

A lei do fim da vida já havia sido aprovada pelo Senado em 2014, mas teve de voltar à Casa por causa das modificações promovidas pela Câmara dos Deputados.

A versão atual prevê que o paciente tenha o direito de abandonar o tratamento prescrito pelos médicos, inclusive os paliativos, cujo objetivo não é curar a pessoa, mas apenas fornecer qualidade de vida.

O projeto valerá também para clínicas privadas conveniadas ao Sistema Sanitário Nacional, incluindo aquelas ligadas à Igreja Católica, que se opõe ao biotestamento e exerce forte influência na política italiana.

Porém, na última semana, o papa Francisco fez um discurso em que defendia que a "dignidade humana" deveria estar no centro de um tratamento e que as pessoas não podem ser submetidas a sofrimentos dolorosos que não tem mais a função da cura.

No entanto, os médicos poderão alegar "objeção de consciência" para não interromper o tratamento do paciente, que terá de recorrer a outro hospital ou a outro profissional da mesma estrutura.

Ainda assim, a proposta não autoriza a eutanásia, que é a prática de abreviar deliberadamente a vida de um indivíduo, geralmente em estado terminal. (ANSA)

Acompanhe tudo sobre:DoençasItáliaMedicinaMédicos

Mais de Mundo

Yamandú Orsi, da coalizão de esquerda, vence eleições no Uruguai, segundo projeções

Mercosul precisa de "injeção de dinamismo", diz opositor Orsi após votar no Uruguai

Governista Álvaro Delgado diz querer unidade nacional no Uruguai: "Presidente de todos"

Equipe de Trump já quer começar a trabalhar em 'acordo' sobre a Ucrânia