Papa Leão XIV cumprimenta vice-presidente americano, JD Vance, no Vaticano (Divulgação Vatican News)
Agência de notícias
Publicado em 19 de maio de 2025 às 10h05.
O Papa Leão XIV recebeu nesta segunda-feira, 19, no Vaticano o vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, e o secretário de Estado, Marco Rubio, anunciou um porta-voz do governo americano, um dia após a missa inaugural do pontificado de Robert Francis Prevost. O Vaticano publicou fotografias de Vance e Rubio, ambos católicos, sorrindo durante o encontro com Leão XIV, o primeiro Papa nascido nos Estados Unidos, eleito pelo colégio cardinalício no dia 8 de maio.
Vance também se reuniu com o secretário para as Relações com os Estados, Paul Richard Gallagher, segundo o Vaticano.
"Durante as cordiais conversas realizadas na Secretaria de Estado, foi reiterada a satisfação pelas boas relações bilaterais e discutida a colaboração entre Igreja e Estado, assim como alguns assuntos de especial importância, relativos à vida eclesiástica e à liberdade religiosa", afirmou o Vaticano em um comunicado.
"Finalmente, houve uma troca de opiniões sobre alguns assuntos internacionais da atualidade, com um apelo ao respeito à legislação humanitária e internacional em áreas de conflito e por uma solução negociada entre as partes envolvidas", acrescentou a Santa Sé.
Vance e Rubio estavam entre as 200 mil pessoas que compareceram no domingo à missa inaugural do Papa Leão XIV, na Praça de São Pedro do Vaticano. O vice-presidente americano foi a última autoridade estrangeira com quem o Papa Francisco se reuniu, na véspera de sua morte, em 20 de abril.
Antes de ser eleito Papa, Leão XIV, que também tem nacionalidade peruana, repostou em sua conta na rede social X comentários críticos ao governo de Donald Trump por sua política migratória, e também criticou Vance.
Em fevereiro deste ano, o ainda cardeal usou de seu conhecimento teológico para rebater Vance, após uma declaração do republicano de que os cristãos devem, primeiramente, amar suas famílias, depois seus vizinhos, depois os membros da sua comunidade e seus compatriotas.
"JD Vance se engana: Jesus não nos pede que classifiquemos nosso amor pelos demais", escreveu Prevost, cujo comentário recebeu dezenas de milhares de curtidas — e alguns comentários em resposta, acusando-o de ser um defensor da "cultura woke".
Não foi a única mensagem do atual Papa contra medidas defendidas pelo governo de Donald Trump. Em 14 de abril, ele republicou uma mensagem direcionando a um link com uma manifestação do bispo salvadorenho Evelio Menjivar-Ayala, em que o colega de clero questionava os acordos entre Trump e o presidente salvadorenho, Nayib Bukele, para deportar imigrantes indocumentados dos Estados Unidos para o Centro de Confinamento por Terrorismo (Cecot).
Como era de se esperar para um clérigo que viveu durante décadas no Peru, a imigração é um tema importante para o novo Papa, que compartilhou críticas às políticas migratórias de Donald Trump desde a primeira passagem do republicano pela Casa Branca.
Ainda em junho de 2018, durante o primeiro governo Trump, ele retuitou as palavras do Cardeal Cupich, que afirmou que "não havia nada remotamente cristão, americano ou moralmente defensável em uma política que arranca crianças de seus pais e as mantém em gaiolas. Que isso esteja sendo feito em nosso nome é uma vergonha para todos nós".
Em 2017, Prevost publicou em sua conta um artigo que dizia que os Estados Unidos viviam "uma época obscura" de sua história, devido à proibição de entrada de refugiados no país decretada por Trump em seu primeiro mandato.
Apesar das críticas, Vance, que se converteu ao catolicismo em 2019, afirmou no domingo que os Estados Unidos estão "muito orgulhosos" de Prevost.
— Certamente, nossas orações estão com ele no momento em que inicia um trabalho tão importante — disse Vance em uma reunião com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni.