"O objetivo do programa é, acima de tudo, devolver a liberdade para a França e dar voz ao povo", disse Le Pen (Jacky Naegelen/Reuters)
Reuters
Publicado em 4 de fevereiro de 2017 às 13h32.
LYON - A líder do partido de extrema-direita da França, Marine Le Pen, deu início a sua campanha presidencial neste sábado com esperanças de que suas promessas de proteger os eleitores da globalização melhorem suas chances em um momento de turbilhão político na França.
Pesquisas de opinião mostram que a filha de 48 anos do fundador da Frente Nacional (FN), Jean-Marie Le Pen, lideraria o primeiro turno, marcado para 23 de abril, mas perderia no segundo, em 7 de maio, para um dos outros principais candidatos.
Mas na mais imprevisível eleição francesa em décadas a FN espera que um comício de dois dias em Lyon, onde Le Pen destrinchará sua plataforma de campanha, ajudará a convencer os eleitores.
"O objetivo do programa é, acima de tudo, devolver a liberdade para a França e dar voz ao povo", disse Le Pen, na introdução do seu manifesto.
Em 144 "compromissos", Le Pen propôs sair da zona do euro, taxar contratos de emprego de estrangeiros, diminuir a idade de aposentadoria e aumentar vários benefícios sociais, além de diminuir impostos para pequenas empresas e o imposto de renda.
O manifesto também prevê que alguns direitos, atualmente disponíveis para todos os habitantes, como educação gratuita, sejam reservados apenas a cidadãos franceses, e fala na contratação de 15 mil policiais, construção de mais prisões, contenção da imigração e o abandono do comando integrado da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
Emmanuel Macron, candidato de centro pró-Europa, que segundo as pesquisas deve ser o adversário de Le Pen no segundo turno da eleição presidencial, também realizará um comício em Lyon neste sábado, para propor uma plataforma radicalmente diferente.
"Esta eleição presidencial apresenta duas propostas opostas", disse Le Pen. "A escolha 'globalista' defendida por todos meus adversários... e a escolha 'patriótica' que eu personifico".
Impulsionada pela inesperada votação do ano passado em que o Reino Unido decidiu deixar a União Europeia e pela eleição de Donald Trump nos Estados Unidos, a FN espera surfar na mesma onda populista para obter a vitória.
"Disseram que Donald Trump nunca venceria nos Estados Unidos, contra a mídia, contra o establishment, mas ele venceu... Disseram a nós que Marine Le Pen não venceria a eleição presidencial, mas, em 7 de maio, ela vencerá", disse Jean-Lin Lacapelle, membro de alto escalão da FN, a vários integrantes do seu partido.
Uma vez eleita, Le Pen disse que buscaria imediatamente revisar o conceito de União Europeia de forma a reduzi-la a uma enfraquecida cooperação entre nações, sem uma moeda comum e zonas de livre circulação de pessoas. Se, como é provável, os parceiros franceses da UE não aceitarem isso, ela convocaria um referendo para sair da UE.