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Le Pen gera protestos ao falar de prisão de judeus na 2ª Guerra

Candidata de extrema-direita tocou em um tema sensível ao retomar o debate sobre o papel do Estado em um dos episódios mais sombrios da história da França

Marine Le Pen, sobre prisões de judeus na 2ª Guerra: "acho que, no geral, se há pessoas responsáveis, são aquelas que estavam no poder na época. Não é a França" (Vincent Kessler/Reuters)

Marine Le Pen, sobre prisões de judeus na 2ª Guerra: "acho que, no geral, se há pessoas responsáveis, são aquelas que estavam no poder na época. Não é a França" (Vincent Kessler/Reuters)

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Reuters

Publicado em 10 de abril de 2017 às 12h15.

Paris - A candidata presidencial francesa de extrema-direita Marine Le Pen provocou protestos de seus adversários e do governo de Israel nesta segunda-feira ao negar a responsabilidade do Estado francês pela prisão em massa de judeus em Paris durante a Segunda Guerra Mundial.

A duas semanas do primeiro turno da eleição, na qual é uma das favoritas, Le Pen tocou em um tema sensível ao retomar o debate sobre o papel do Estado em um dos episódios mais sombrios da história da França durante a ocupação nazista.

"Acho que a França não é responsável pelo Vel d'Hiv", disse Le Pen no domingo em referência à detenção de 13 mil judeus realizada pela polícia parisiense a mando dos alemães em julho de 1942.

A maioria foi levada ao estádio de ciclismo Vélodrome d'Hiver, conhecido popularmente como Vel d'Hiv, antes de ser deportada para o campo de concentração de Auschwitz.

"Acho que, no geral, se há pessoas responsáveis, são aquelas que estavam no poder na época. Não é a França", opinou a presidenciável em uma entrevista aos grupos de mídia Le Figaro, RTL e LCI.

Os rivais de Le Pen repudiaram seus comentários, que podem reverter seus esforços de limpar a imagem anti-imigração de seu partido, a Frente Nacional, e distanciá-la das opiniões antissemitas de seu pai, Jean-Marie Le Pen, o fundador da legenda.

"Algumas pessoas esqueceram que Marine Le Pen é a filha de Jean-Marie Le Pen. Eles não mudaram", disse o candidato Emmanuel Macron, de centro, à televisão BFM.

O Ministério das Relações Exteriores israelense disse lamentar pelo fato de o antissemitismo estar "levantando a cabeça novamente hoje".

"Isto contradiz a verdade histórica tal como expressa em declarações de presidentes franceses que reconheceram a responsabilidade do país pelo destino dos judeus franceses que pereceram no Holocausto", disse um porta-voz da pasta.

"Vel d'Hiv" foi o principal assunto no Twitter na França nesta segunda-feira, primeiro dia oficial de campanha da eleição, cujo primeiro turno acontece em 23 de abril.

Gilles Ivaldi, cientista político da Universidade de Nice, disse que o comentário de Le Pen a prejudica. "Isso... vai completamente contra os esforços do partido e dá munição a todos aqueles que dizem que a Frente Nacional continua sendo um partido com militantes e cultura de extrema-direita".

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