Mundo

'Le Monde' denuncia novo caso de espionagem de jornalista

"A polícia, sob ordem de um juiz, explorou mais uma vez dados detalhados de contas telefônicas - as famosas fadettes - de dois jornalistas do Monde"

Jornal Le Monde: jornal francês apresentou um pedido para acabar com as escutas, antes de iniciar "medidas legais cabíveis" (Getty Images)

Jornal Le Monde: jornal francês apresentou um pedido para acabar com as escutas, antes de iniciar "medidas legais cabíveis" (Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 9 de setembro de 2013 às 15h23.

O jornal francês Le Monde denunciou nesta segunda-feira um novo caso de espionagem de que dois de seus jornalistas foram vítimas.

"A polícia, sob ordem de um juiz, explorou mais uma vez dados detalhados de contas telefônicas - as famosas fadettes - de dois jornalistas do Monde", escreveu o jornal em sua edição de 10 de setembro.

"Desta vez, os investigadores foram mais longe e todas as conversas de um dos repórteres foram ouvidas por um mês inteiro" em 2009, acrescenta o jornal.

O caso remonta a 2006, quando um membro do 'Gang des Barbares' (Gangue dos Bárbaros, em português) -condenado em segunda instância a 18 anos de prisão em 2010 por sequestrar e torturar um jovem de origem judaica, Ilan Halimi, que não resistiu aos ferimentos- denunciou que o sigilo da investigação havia sido violado após a publicação de um artigo no Le Monde.

Encarregada de investigar a denúncia, a magistrada Michele Ganascia ordenou que o Serviço de Inspeção Geral (IGS) "realize todas as escutas, buscas, requisições e apreensões úteis", segundo o Le Monde.

O IGS grampeou por mais de um mês os telefones fixos e celulares dos dois autores do artigo, Gérard Davet e Piotr Smolar.


Três anos depois, o juiz ordenou a escuta de Davet por um mês, de 27 fevereiro a 27 março de 2009, de acordo com o jornal.

O Le Monde, que denuncia a violação do sigilo das fontes, apresentou um pedido para acabar com as escutas, antes de iniciar "medidas legais cabíveis", disse à AFP seu advogado Francis Saint-Pierre.

"Nós queremos saber, de um lado, a verdade - por que o Sr. Davet foi espionado três anos depois da publicação de seu artigo - e, de outro, estabelecer também uma lei para a proteção das fontes dos jornalistas", declarou Saint-Pierre.

Vários casos de "fadettes" mostraram recentemente os limites da Lei de 2010 destinada a proteger as fontes da imprensa.

O ex-chefe da inteligência interna, Bernard Squarcini, foi julgado em junho por solicitar e analisar fadettes de Davet em um caso ligado a revelações que poderiam afetar o governo do então presidente Nicolas Sarkozy.

Uma nova lei para aumentar a proteção das fontes dos jornalistas foi aprovada em junho pelo Conselho de Ministros. Muitas organizações de imprensa e associações, no entanto, ainda veem muitos retrocessos para a liberdade de imprensa.

Acompanhe tudo sobre:EspionagemEstados Unidos (EUA)EuropaFrançaPaíses ricos

Mais de Mundo

Trump nomeia Robert Kennedy Jr. para liderar Departamento de Saúde

Cristina Kirchner perde aposentadoria vitalícia após condenação por corrupção

Justiça de Nova York multa a casa de leilões Sotheby's em R$ 36 milhões por fraude fiscal

Xi Jinping inaugura megaporto de US$ 1,3 bilhão no Peru