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Le Monde acusa França de violar sigilo de fontes

De acordo com o jornal francês, serviço de contraespionagem do país estaria atrás de uma fonte relacionada ao caso L´Oreal

Sede da L´Oreal: a presidência francesa negou ter dado ordens para que espiões descubrissem uma fonte do Le Monde relacionada ao caso (Eric Piermont/AFP/AFP Photo)

Sede da L´Oreal: a presidência francesa negou ter dado ordens para que espiões descubrissem uma fonte do Le Monde relacionada ao caso (Eric Piermont/AFP/AFP Photo)

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Da Redação

Publicado em 14 de setembro de 2010 às 13h01.

Paris - O jornal francês Le Monde acusou nesta segunda-feira o Palácio do Eliseu, a sede da presidência francesa, de "violar a lei sobre o sigilo das fontes dos jornalistas" nas investigações do escândalo político-fiscal sobre a herdeira da L'Oreal que envolvem um ministro.

"O Eliseu tem utilizado o serviço de contraespionagem para identificar uma fonte do Le Monde", afirma na primeira página o jornal, que também destaca que a publicação "apresentará uma demanda à promotoria por violação do sigilo das fontes".

A presidência francesa negou pouco depois as acusações.

"O Eliseu desmente totalmente as acusações do Le Monde e a presidência da República afirma que nunca deu a menor instrução a nenhum serviço para investigar a origem das informações deste jornal", afirma um comunicado oficial.

O atual ministro do Trabalho, Eric Woerth, ex-ministro do Orçamento e durante oito anos tesoureiro do partido do presidente Nicolas Sarkozy, a UMP, apareceu vinculado ao escândalo que gira ao redor da mulher mais rica da França, Liliane Bettencourt, herdeira da gigante dos cosméticos L'Oreal e doadora do partido.

Woerth e a esposa Florence eram mencionados em gravações clandestinas de conversas de Bettencourt com assessores, entre estes o gestor de sua fortuna, Patrice de Maistre.

O Le Monde explica que em julho as investigações judiciais mudaram de maneira decisiva quando Maistre afirmou à polícia que o ministro Woerth sugeriu a contratação de sua mulher.


"A publicação das informações irritou particularmente o Eliseu", completa o jornal, antes de ressaltar que "então foi dada a ordem de acabar com os vazamentos".

"Ao determinar uma investigação da polícia para tentar identificar a fonte de nosso jornalista, o Executivo violou claramente a lei sobre a proteção das fontes dos jornalistas de 29 de julho de 1881, reforçada em 4 de janeiro de 2010", afirma o Le Monde.

A promotoria de Nanterre, subúrbio de Paris, que tem como titular uma pessoa ligada ao presidente Nicolas Sarkozy, coordena uma série de investigações preliminares por tráfico de influência, fraude fiscal e sobre as gravações clandestinas, das quais também aparece um suposto financiamento político ilegal.

No editorial que tem como título "Le Monde, o Eliseu e a liberdade de informar", o jornal insiste que "há muito tempo este caso sobre relações incestuosas entre a direita e o dinheiro oculto deveria ter sido confiado a um juiz de instrução independente".

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