Mundo

László Csatáry é detido em Budapeste

Suposto nazista de 96 anos de idade passa por procedimento para que seja posto em prisão domiciliar

Prisioneiras em campo de concentração de Aushwitz: László Csatáry é acusado de cumplicidade na morte de mais de 15.700 judeus durante a 2ª Guerra Mundial (Yad Vashem/AFP)

Prisioneiras em campo de concentração de Aushwitz: László Csatáry é acusado de cumplicidade na morte de mais de 15.700 judeus durante a 2ª Guerra Mundial (Yad Vashem/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 18 de julho de 2012 às 09h12.

Budapeste - O criminoso de guerra nazista mais procurado do mundo e localizado pelo centro Wiesenthal, o húngaro Laszlo Csatary, de 97 anos, foi detido nesta quarta-feira em Budapeste, anunciou a procuradoria da capital húngara.

Laszlo Csatary foi detido ao amanhecer pela polícia, anunciou a procuradoria da capital húngara em um comunicado. A prisão foi realizada em um terceiro apartamento do criminoso, cuja existência não era conhecida pela imprensa, informou o procurador Tibor Ibolya em uma coletiva.

Csatary, cujo nome completo é Laszlo Csizsik-Csatary, foi interrogado por um juiz com base em uma eventual acusação por "crimes de guerra", indicou o procurador. Ele declarou ser inocente, segundo a promotoria.

"Ele nega ser culpado de crimes pelos quais é acusado", afirmou o promotor Tibor Ibolya. "Um de seus argumentos em sua defesa é que ele estava obedecendo ordens".

"Diante da gravidade dos incidentes, mas também pela necessidade de respeitar a presunção de inocência e devido a sua idade, para velar por sua saúde, o juiz pode, em um primeiro momento, autorizá-lo a ir para casa. Nesse caso, a polícia confiscaria seu passaporte", acrescentou.

Laszlo Csatary era o chefe de polícia do gueto judeu da cidade eslovaca de Kosice, no qual 15.700  judeus foram assassinados ou levados ao campo de extermínio de Auschwitz, na Polônia, durante a ocupação pela Alemanha nazista deste país que era até então a Tchecoslováquia.

Laszlo Csatary vivia tranquilamente em Budapeste há 17 anos, sob sua verdadeira identidade e apesar das informações sobre seus antecedentes terem sido transmitidas à justiça húngara há mais de dez meses pelo Centro Simon Wiesenthal, baseado em Jerusalém.


Segundo os documentos de arquivo deste centro, Csatary tratou cruelmente os judeus do gueto, espancando as mulheres e obrigando-as a cavar trincheiras com as mãos.

Antes de regressar a Budapeste, Csatary, condenado à morte à revelia em 1948 pela Tchecoslováquia, refugiou-se no Canadá, em Montreal e Toronto, onde viveu com uma identidade falsa. Em 1995, as autoridades canadenses descobriram a sua verdadeira identidade, mas o homem em questão já havia fugido para a Hungria.

Antes de sua fuga, havia reconhecido perante os investigadores canadenses sua participação na deportação de judeus, embora tenha informado que seu papel era limitado.

Em abril, o Centro Simon Wiesenthal, nome do famoso caçador de nazistas, um judeu austríaco que morreu em 2005 e cujas investigações em todo o mundo permitiram a descoberta de dezenas de criminosos nazistas, colocou Laszlo Csatary no topo da sua lista de criminosos de guerra nazistas mais procurados do mundo.

Alimentados por informações fornecidas pelo Centro, repórteres do jornal britânico The Sun descobriram o paradeiro do antigo chefe da polícia e conseguiram encontrá-lo. A revelação foi feita na edição de domingo, dia 15 de julho, no site do The Sun. Csatary havia dito aos repórteres: "Eu não fiz nada, saiam daqui", antes de bater a porta na cara deles.

Desde então, Csatary não respondia.

Csatary é considerado o criminoso nazista "mais procurado" porque atualmente há poucos foragidos e vivos. "Todos têm mais de 90 anos", indicou Serge Klarsfeld, presidente da Associação de Filhos e Filhas de deportados judeus da França, acrescentando que não estava certo sobre se haveria "uma ação judicial com este governo conservador" do primeiro-ministro húngaro Viktor Orban.

Acompanhe tudo sobre:EuropaHungriaJudeusNazismoPrisões

Mais de Mundo

Chanceler do Egito alerta para risco de 'guerra regional total'

Bolívia denuncia "atos de desestabilização" de Evo Morales para ONU e CIDH

Hezbollah anuncia 'nova fase', e declara 'guerra indefinida' a Israel

Netanyahu diz que só metade dos 101 reféns em Gaza está viva, segundo imprensa local