Yair Lapid: "Tenho escutado falar de um bloco (de centro-esquerda). Não formaremos blocos com Hanin Zoabis", disse. (Ammar Awad/Reuters)
Da Redação
Publicado em 23 de janeiro de 2013 às 16h47.
Jerusalém - O ex-jornalista Yair Lapid, a principal surpresa das eleições realizadas nesta terça-feira em Israel, ao tornar o partido de centro Yesh Atid a segunda força política do país, disse hoje que não usará seus 19 deputados para tentar ser primeiro-ministro no lugar de Benjamin Netanyahu.
"Tenho escutado falar de um bloco (de centro-esquerda). Não formaremos blocos com Hanin Zoabis", disse em referência à deputada árabe odiada pelo centro e a direita.
Em entrevista coletiva em Tel Aviv, Lapid afirmou que "os resultados das eleições são claros" e dão a vitória, com 31 cadeiras, à coalizão Likud Beiteinu, de Netanyahu.
"Vi a entrevista de Netanyahu e me alegro por ele ter falado sobre o que realmente é importante para nós e para as pessoas que amam este país e querem fazer dele um lugar melhor", argumentou.
Apenas um dia após as eleições, Lapid desfaz assim a proposta apresentada hoje pela líder trabalhista Shelly Yachimovich de aproveitar o empate de 60 deputados entre o bloco de direita e partidos ultra-ortodoxos e o que engloba as formações de centro, esquerda e árabes para retirar Netanyahu do poder.
O "canal 2" da televisão israelense assegurou que Lapid aposta em um Executivo de coalizão liderado por Netanyahu que exclua os dois partidos ultra-ortodoxos, o sefardita Shas e o ashquenaze Judaísmo Unido da Torá, que atualmente integram o governo e somam 18 deputados.
Isto tornaria possível legislar sobre o recrutamento dos ultra-ortodoxos, historicamente isentos do serviço militar, um tema que esteve no centro de sua campanha política e com o qual compartilha posições com os nacionalistas religiosos do Habait Hayehudi.
Likud Beiteinu, Yesh Atid e Habait Hayehudi somariam 61 deputados, o mínimo, mas suficiente para formar uma coalizão, que poderia contar com outros pequenos partidos, como o Kadima (2).
No entanto, segundo Amit Segal, comentarista política do canal, existe um "acordo final" entre o Likud e o Shas para que este entre na coalizão.
"Lapid deve convencer Netanyahu de que não é um fantoche que entra por entrar no governo", argumentou Amnon Abrahamovich, outro comentarista político do canal. Para o analista, Lapid deve tomar cuidado para não ocorrer o que se passou no ano passado com o líder do Kadima, Shaul Mofaz, que durou apenas 70 dias no Executivo.
Ontem à noite, após serem divulgados os resultados das pesquisas de boca-de-urna, Netanyahu parabenizou Lapid e disse que ambos podem "fazer grandes coisas juntos".
Hoje, a líder do Partido Trabalhista, terceira força política, com 15 deputados, pediu para que Lapid aproveite sua surpreendente presença parlamentar para tirar Netanyahu do poder.
"Se te unires a Netanyahu serás responsável pelo colapso da classe média. Se escolheres a outra alternativa estarei ao teu lado e o ajudarei", afirmou.