Bandeiras de campanha com os rostos da presidente argentina, Cristina Kirchner, e de Martin Insaurralde, candidato a deputado: governo perdeu em locais importantes (Juan Mabromata/AFP)
Da Redação
Publicado em 28 de outubro de 2013 às 07h40.
Buenoa Aires - A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, inicia a última etapa do segundo mandato, que vai até 2015, com poder reduzido, depois da derrota nos maiores distritos do país nas legislativas de domingo, apesar de conservar a maioria no Congresso.
O opositor Sergio Massa, de 41 anos, ex-chefe de gabinete de Kirchner, foi o grande vencedor da eleição de domingo, com quase 3,8 milhões de votos apenas na província de Buenos Aires, 43,93%, o distrito que reúne 40% do eleitorado nacional de mais de 30 milhões de pessoas.
A Frente para a Vitória da presidente, a mais votada em todo o país, recebeu quase 7,5 milhões de votos, 33% do total, o que permitirá contar com a maioria de 132 cadeiras na Câmara de Deputados (quórum com 129), segundos as projeções oficiais.
Nos oito distritos que escolheram senadores, o governo conservou as 11 cadeiras que colocou em jogo na Câmara Alta, onde tem maioria ao lado de três partidos provinciais.
As eleições de domingo renovaram metade da Câmara dos Deputados e um terço do Senado.
Massa, prefeito de Tigre (periferia norte), deu um duro golpe no kirchnerismo neste distrito chave (32,21%), o que o catapulta como um dos principais candidatos à presidência para 2015, com um discurso baseado na luta contra a insegurança, uma das principais preocupações dos argentinos.
Além da província de Buenos Aires, o governo perdeu nos distritos mais importantes do país, como a capital, Córdoba, Santa Fé e Mendoza.
A presidente perdeu parte dos 11 milhões de votos que recebeu em sua reeleição em 2011, quando venceu com 54% dos votos.
Kirchner, de 60 anos, foi a grande ausente da reta final da campanha, já que está em repouso absoluto desde 8 de outubro, quando foi operada por um hematoma na cabeça.
"A presidente está se preparando para voltar com toda a força, para seguir conduzindo este projeto", disse o vice-presidente Amado Boudou.
A nível nacional, a Frente Renovador, que Massa formou há apenas três meses, não tem no momento outra representação fora da província de Buenos Aires e aparece como terceira força, atrás do kirchnerismo e da União Cívica Radical ao lado do Socialismo.
O radicalismo social-democrata junto ao socialismo recebeu 4,8 milhões de votos, o que representa 21,35% em todo o país.
"Temos que fazer valer os milhões e milhões de votos que nos transformaram na primeira força política dentro da província de Buenos Aires e que nos obrigam a começar a cruzar a fronteira e a percorrer a Argentina", afirmou Massa no discurso da vitória.
O governo comemorou porque a FPV permanece como a primeira força nacional depois de muitos anos, segundo declarações de Boudou, em referência aos 10 anos do kirchnerismo que incluem os governos de Néstor Kirchner (2003/2007) e de Cristina Kirchner, desde 2007, que definitivamente não poderá disputar a segunda reeleição consecutiva, proibida pela Constituição.