Mundo

Kirchner diz que FMI deveria 'aprender' organização com Fifa

''Quero dizer à titular do FMI (a francesa Christine Lagarde) que isso não é um jogo de futebol'', disse a presidente da Argentina


	''Os argentinos gostam muito de futebol. Tínhamos que escolher entre o cartão amarelo e o cartão vermelho. Escolhemos o cartão amarelo'', disse Kirchner
 (Juan Mabromata/AFP)

''Os argentinos gostam muito de futebol. Tínhamos que escolher entre o cartão amarelo e o cartão vermelho. Escolhemos o cartão amarelo'', disse Kirchner (Juan Mabromata/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 25 de setembro de 2012 às 21h47.

Nações Unidas - A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, respondeu nesta terça-feira às recentes ''ameaças'' do Fundo Monetário Internacional (FMI) em tom de ironia e recomendou que a organização ''aprenda'' com a Fifa, que promove com sucesso Copas do Mundo de futebol a cada quatro anos, enquanto o FMI não consegue organizar a economia há décadas.

''Quero dizer à titular do FMI (a francesa Christine Lagarde) que isso não é um jogo de futebol. Estamos diante da crise econômica e política mais grave desde os anos 1930. Meu país não é uma tabela de futebol, é uma nação soberana que não vai ser submetida a nenhuma pressão ou ameaça'', disse Cristina nos debates da Assembleia Geral das Nações Unidas.

Ontem, Lagarde, diretora-gerente do FMI, aconselhou o governo argentino a melhorar a qualidade dos dados estatísticos enviados à organização nos próximos três meses se não quiser receber o ''cartão vermelho'' - a ''declaração de censura'' por parte do organismo.

''Os argentinos gostam muito de futebol. Tínhamos que escolher entre o cartão amarelo e o cartão vermelho. Escolhemos o cartão amarelo e temos mais três meses antes da declaração de censura. Se não houver progresso, mostraremos o cartão vermelho'', afirmou Christine Lagarde em uma conferência no Peterson Institute de Washington.

Visivelmente incomodada, Cristina respondeu hoje a Lagarde que o papel do presidente da Fifa foi ''bem mais satisfatório'' que o da diretora-gerente do FMI, pois a Fifa organiza com sucesso mundiais de futebol a cada quatro anos. Já ''o FMI tenta reorganizar a economia'' e, ''crise após crise, não consegue''.

O FMI deu um prazo até 17 de dezembro para o governo argentino melhorar a qualidade dos dados oficiais sobre o Índice de Preços na província de Buenos Aires e o Produto Interno Bruto (PIB), pois considera que estes diferem notavelmente das informações de analistas privados.


A presidente lamentou não ter ouvido uma ''autocrítica'' por parte do FMI sobre as estatísticas de nações com problemas como Espanha, Irlanda, Itália e Grécia, além de lembrar que seu país reestruturou 94% da dívida e paga ''rigorosamente'' seus vencimentos desde 2005, o que vai ''continuar fazendo''.

Cristina citou um discurso em 2003 de seu falecido marido e então presidente do país, Néstor Kirchner, que, na mesma tribuna de oradores na ONU, pediu ao mundo ''uma oportunidade'' para que a Argentina pudesse crescer porque, segundo disse, ''para que as sociedades possam pagar suas dívidas, é preciso acreditar''.

''Não viemos dar lições, só contar a experiência de um país que viveu uma situação similar a que estão vivendo agora outros países do mundo desenvolvido'', acrescentou a presidente, que perguntou ''onde estão os controles'' e denunciou que os grandes movimentos de capitais ainda continuam sem regulação.

''Não somos economistas, mas também não somos tolos. Cada um desses movimentos representa formidáveis transferências de fundos e no final os prejudicados são milhões e milhões de pessoas que perdem seus empregos'', afirmou a presidente. EFE

Acompanhe tudo sobre:América LatinaArgentinaCristina KirchnerPolíticaPolíticos

Mais de Mundo

Votação antecipada para eleições presidenciais nos EUA começa em três estados do país

ONU repreende 'objetos inofensivos' sendo usados como explosivos após ataque no Líbano

EUA diz que guerra entre Israel e Hezbollah ainda pode ser evitada

Kamala Harris diz que tem arma de fogo e que quem invadir sua casa será baleado