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Kim Jong-un completa 5 anos como líder da Coreia do Norte

Herdeiro de Kim Jong-il promoveu o maior avanço econômico no país em décadas e fortaleceu ainda mais sua aposta nuclear

Kim Jong-un: líder norte-coreano completou 5 anos de governo em meio a avanços econômicos (./AFP)

Kim Jong-un: líder norte-coreano completou 5 anos de governo em meio a avanços econômicos (./AFP)

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EFE

Publicado em 30 de dezembro de 2016 às 11h28.

Seul - Kim Jong-un completa nesta sexta-feira cinco anos à frente do Exército da Coreia do Norte, o primeiro cargo ao qual ascendeu para suceder seu pai na liderança de um país que, sob sua batuta, viveu o maior avanço econômico em décadas e fortaleceu ainda mais sua aposta nuclear.

Em 19 de dezembro de 2011, o hermético país anunciou que Kim Jong-il, progenitor do atual líder, havia morrido dois dias antes.

A incerteza sobre se seu filho, que na época acreditava-se que não tinha completado sequer os 30 anos, se transformaria no terceiro Kim a comandar a única ditadura comunista hereditária da Terra começou a se dissipar horas depois, quando os veículos de imprensa começaram a rotular o jovem como "herdeiro" do ideal "juche".

Em 30 de dezembro, dois dias depois do funeral do "Querido Líder" (Kim Jong-il), o país proclamou o jovem Kim como comandante supremo do Exército Popular da Coreia.

Começava assim um processo sucessório que concluiria em abril de 2012, quando Kim Jong-un foi nomeado primeiro-secretário do Partido dos Trabalhadores, presidente da Comissão Militar Central do partido e também da Comissão Nacional de Defesa.

Esta transição foi aparentemente menos tumultuada que a de seu pai, que demorou anos para se proclamar como herdeiro de pleno direito do patriarca da dinastia e fundador do país, Kim Il-sung, e pôde contribuir para criar um clima mais propício para o crescimento econômico e o abandono definitivo da ortodoxia stalinista.

"Os últimos anos estiveram marcados por um crescimento econômico sustentado e uma melhora palpável da situação econômica", contou à Agência Efe Andrei Lankov, professor de Estudos Coreanos da Universidade Kookmin em Seul.

Esse progresso do qual fala Lankov pode ser percebido na quantidade de obras públicas e edificações modernas que afloraram em Pyongyang nos últimos anos e nas roupas que os norte-coreanos agora exibem, em sua maioria vindas da China e vendidas sem impedimentos nos "Janmadang", os mercados de rua.

Esses bazares, que começaram a brotar como mecanismo de sobrevivência quando o sistema de distribuição pública de alimentos colapsou nos anos 1990 por causa do fim da União Soviética, passaram de elemento perseguido para uma engrenagem econômica fundamental da Coreia do Norte atual.

Lankov indicou que as políticas de Kim Jong-un são similares ao que a China fez no final dos anos 1970 e início dos 1980 e que a qualidade de vida - embora ainda seja baixa e cada vez mais desigual - aumentou graças a essas guinadas capitalistas.

"A economia privada já não é apenas tolerada, mas discretamente encorajada. Os empresários do setor privado estão vendo o Estado estender suas mãos para que cooperem com as companhias estatais", argumentou o especialista.

Além disso, no âmbito agrícola, o sistema passou das fazendas coletivas para um no qual cada produtor pode ficar com uma parte da colheita, algo que parece estar incentivando a eficiência.

Já em relação à política externa, o governo de Kim Jong-un intensificou sua aposta pelo desenvolvimento de capacidade nuclear, algo que Kim Jong-il já havia feito, como uma forma de garantir a vida do regime.

O aumento de testes armamentísticos não deixa sombra de dúvidas: nos últimos cinco anos, a Coreia do Norte fez muito mais lançamentos de mísseis balísticos e testes nucleares que nos 17 anos de liderança do "Querido Líder", entre 1994 e 2011.

"Tendo visto o que aconteceu com (Muammar) Kadafi (que negociou com os Estados Unidos o fim do programa atômico da Líbia), Kim Jong-un sabe que deve armazenar armas nucleares, aconteça o que acontecer", afirmou Lankov.

"Enquanto Kim Jong-un estiver à frente da Coreia do Norte, o país não abandonará a via das armas atômicas. Não irá fazê-lo mesmo que seja oferecido ao país US$ 1 trilhão ou 10 trilhões. Não é questão de incentivos", comentou esta semana em Seul Thae Yong-ho, ex-número 2 da embaixada norte-coreana em Londres que desertou este ano.

Lankov, por sua vez, acredita que, apesar de Pyongyang continuar manobrando como fez até agora entre China, Coreia do Sul, Estados Unidos e Rússia, a crescente melhora tecnológica de seu arsenal atômico traz mais instabilidade.

"Em uma década ou menos, a Coreia do Norte será o terceiro país capaz de realizar um ataque nuclear contra os EUA. Teremos que ver se os americanos, sob o comando de Trump, aceitarão isso ou decidirão realizar um ataque preventivo", afirmou o acadêmico russo, que acredita que a segunda opção acabaria desencadeando uma guerra na região.

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