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Kim Jong-un chega à Rússia para discutir seu programa nuclear

O líder coreano afirmou que esta visita não será a última, mas sim "o primeiro passo"

Kim Jong-un: "Estou feliz por estar em solo russo" (Shamil Zhumatov/Reuters)

Kim Jong-un: "Estou feliz por estar em solo russo" (Shamil Zhumatov/Reuters)

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EFE

Publicado em 24 de abril de 2019 às 06h14.

Última atualização em 24 de abril de 2019 às 09h25.

Vladivostok — O líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, mostrou-se nesta quarta-feira (24), estar "feliz" em sua chegada à Rússia, e afirmou que esta, sua primeira visita, não será a última: "é apenas o primeiro passo".

"Estou feliz por estar em solo russo", disse Kim, pouco depois de cruzar de trem a fronteira russo-norte-coreana, citado pela assessoria de imprensa do governo de Krai do Litoral, na Rússia.

O trem blindado do líder norte-coreano chegou às 10h30 (hora local) à estação de Khasan, onde foi recebido pelo vice-ministro das Relações Exteriores russo, Igor Morgulov, e outras autoridades, entre elas o ministro do Desenvolvimento do Extremo Oriente, Aleksandr Kozlov.

"Estamos confiantes de que esta visita será uma lembrança agradável em seu coração", disse Kozlov, ao dar boas-vindas a Kim.

O encontro de Putin e Kim

Espera-se que Kim chegue a Vladivostok nas próximas horas, onde na quinta-feira fará sua primeira cúpula com o presidente russo, Vladimir Putin.

Há oito anos que líderes da Rússia e da Coreia do Norte não se reúnem, desde que em 2011 Kim Jong-il, pai do atual líder norte-coreano, viajou à Rússia para encontrar o então presidente Dmitri Medvedev.

Essa é a melhor prova da virada ocorrida nas últimas décadas na relação destes dois vizinhos que foram estreitos aliados durante a Guerra Fria, período durante o qual o suporte econômico soviético praticamente subvencionou a existência do regime dos Kim. Com a queda da cortina de ferro e após décadas de astutas manobras para explorar as diferenças entre a Rússia e a China e tirar proveito de ambas frentes, Pyongyang se inclinou pelo único vizinho comunista que lhe restava.

Os intercâmbios comerciais com a hoje gigantesca China — com quem a Coreia do Norte compartilha uma fronteira quase 1.000 vezes mais longa que a que tem com a Rússia —substituíram Moscou como principal sustento econômico para um país que ainda é um dos mais isolados do mundo.

No entanto, desde 2018 essa dinâmica de "estado ermitão" mudou em Pyongyang, envolvida agora em uma nova aproximação com Seul e tentando conseguir que Washington aceite, sem sucesso até o momento pelo que foi visto em Hanói (sede da cúpula entre Donald Trump e Kim, em fevereiro), um desarmamento atômico gradual para começar a se safar de sanções que estão afogando sua economia.

É nesta conjuntura que o regime norte-coreano decidiu aceitar o convite que Moscou lhe transmitiu originalmente em maio, há praticamente um ano.

Os analistas concordam em assinalar que o atual sistema de sanções deixa muito pouca margem de manobra para que a Coreia do Norte consiga tirar algo tangível deste encontro.

No entanto, a cúpula pode servir a Kim Jong-un para transmitir a Washington, e inclusive a Pequim, a ideia de que seu regime vai lançar mão de interlocutores adicionais para garantir sua sobrevivência, uma sobrevivência que também interessa a Moscou para evitar uma hipotética presença dos EUA no seu pátio traseiro.

Dado que o Kremlin parece mais inclinado a um processo de desarmamento gradual como o que tenta impulsionar Pyongyang, Kim pode pelo menos obter garantia de palavra de Putin que Moscou seguirá defendendo o relaxamento de sanções de maneira progressiva.

Além de uma mensagem política, alguns acreditam que a Coreia do Norte poderia conseguir ainda algum pacote de ajuda humanitária russa não sujeito a sanções e propor a possibilidade de que Moscou não expulse os 10.000 trabalhadores norte-coreanos que ainda permanecem no país vizinho.

Em linha com as sanções da ONU, a Rússia deve expulsar todos estes trabalhadores - uma importante fonte de financiamento para o regime — antes do próximo dia 22 de dezembro, algo que seguramente não terá remédio a não ser que o diálogo entre EUA e Coreia do Norte passe por uma grande reviravolta nos próximos meses.

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