Líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei: esta é a primeira vez em que Khamenei se expressa de forma tão direta sobre o acordo, cuja aprovação tinha se dado tacitamente em várias ocasiões desde que foi anunciada sua assinatura (Caren Firouz/Reuters)
Da Redação
Publicado em 21 de outubro de 2015 às 12h37.
Teerã - O líder supremo do Irã, Ali Khamenei, aceitou nesta quarta-feira iniciar o acordo nuclear assinado com as potências do Grupo 51 (EUA, França, Rússia, China, Reino Unido e Alemanha), mas impôs condições ao governo de Hassan Rohani para sua aplicação.
O líder, máxima figura política e religiosa do Irã, se expressou sobre o denominado Plano Integral de Ação Conjunta (JCPOA) em uma nota dirigida a Rohani em que exige que ele cumpra algumas medidas para superar "as ambiguidades e os pontos fracos estruturais" do pacto, cujas primeiras medidas começaram a ser aplicadas no último dia 18.
Esta é a primeira vez em que Khamenei se expressa de forma tão direta sobre o acordo, cuja aprovação tinha dado tacitamente em várias ocasiões desde que foi anunciada sua assinatura, em julho, mas nunca objetivamente sobre o conteúdo do acordo.
Segundo a nota divulgada em seu site, Khamenei agradeceu em primeiro lugar aos esforços da equipe negociadora e o dos deputados que revisaram e votaram a favor do acordo na semana passada.
No entanto, assinalou que, em seu ponto de vista, o JCPOA contêm "muitos aspectos" que podem prejudicar a República Islâmica com sua aplicação "caso tanto no presente como no futuro não haja uma estrita e constante vigilância sobre ela".
Assim, o líder exigiu que, para iniciar qualquer medida do JCPOA, os países envolvidos devem eliminar as sanções econômicas contra o Irã e oferecer "firmes e suficientes garantias de que elas foram completamente levantadas".
"Qualquer comentário que sugira que a estrutura das sanções permanecerá em seu lugar ou que novas sanções serão impostas, em qualquer nível e sob qualquer pretexto, será uma violação do JCPOA", acrescentou.
Além disso, Khamenei apontou que o Irã não tomará nenhuma medida para modificar a usina nuclear de Arak, uma das previsões chave do JCPOA, até que um "contrato definitivo e seguro" sobre o plano alternativo para a central seja assinado.
Do mesmo modo, a eliminação das reservas de urânio enriquecido do Irã só acontecerão quando "houver um acordo firme e garantido" para sua venda a terceiros países, o que acontecerá "gradualmente e em vários momentos".
Tudo isto também deverá ser supervisionado e aprovado em cada passo pelo Supremo Conselho Nacional de Segurança, o máximo organismo de defesa do país, que deverá estabelecer um comitê de especialistas para se assegurar da implantação do JCPOA.
No último domingo, tanto o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, como a União Europeia (UE) começaram a suspender a estrutura das sanções econômicas que mantêm sobre o Irã ao chegar no denominado "dia de adoção" do JCPOA, mas estas sanções só desaparecerão quando a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) verificar que o Irã está cumprindo sua parte do acordo, uma substancial limitação de seu programa atômico e a submissão a estritas inspeções para garantir que não há desvio dos fins pacíficos.