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Kerry e chanceler cubano mantêm reunião histórica no Panamá

O encontro anterior entre os chefes da diplomacia de Washington e Havana remontava a setembro de 1958, lembraram funcionários americanos

O secretário de Estado americano, John Kerry (D), aperta a mão do chanceler cubano, Bruno Rodríguez, no Panamá na véspera da Cúpula das Américas
 (AFP)

O secretário de Estado americano, John Kerry (D), aperta a mão do chanceler cubano, Bruno Rodríguez, no Panamá na véspera da Cúpula das Américas (AFP)

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Da Redação

Publicado em 10 de abril de 2015 às 09h28.

Panamá - O secretário americano de Estado, John Kerry, se reuniu na noite desta quinta-feira com o chanceler cubano, Bruno Rodríguez, no Panamá, na véspera do início da VII Cúpula das Américas.

O Departamento de Estado publicou em sua conta no Twitter uma foto de Kerry e Rodríguez apertando as mãos. Este foi o encontro de mais alto nível diplomático entre Estados Unidos e Cuba em meio século.

Um funcionário da diplomacia americana destacou avanços no encontro histórico.

"O secretário Kerry e o ministro cubano das Relações Exteriores Rodriguez tiveram uma prolongada e construtiva conversa esta noite. Ambos concordaram que foram feitos progressos e que continuaremos trabalhando para resolver os temas pendentes", disse a fonte do Departamento de Estado.

O encontro anterior entre os chefes da diplomacia de Washington e Havana remontava a setembro de 1958, lembraram funcionários americanos.

A reunião precede o encontro que os presidentes de Estados Unidos e Cuba, Barack Obama e Raul Castro, terão nesta sexta-feira, durante a Cúpula das Américas.

O encontro histórico ocorre cerca de quatro meses após Washington e Havana anunciarem os primeiros passos para restabelecer as relações diplomáticas bilaterais, rompidas há meio século.

Mais cedo nesta quinta-feira, o Departamento de Estado recomendou a retirada de Cuba da lista de países que supostamente financiam o terrorismo, um dos passos necessários para a normalização diplomática bilateral.

"A recomendação do Departamento de Estado de remover Cuba da lista de Estados que patrocinam o terrorismo, resultado de meses de uma revisão técnica, é um importante avanço em nossos esforços para construir uma relação mais frutífera", afirmou o senador Ben Cardin, membro do comitê de Relações Exteriores da Câmara.

Ao anunciar, em 17 de dezembro passado, o início da aproximação com Havana, Obama tinha pedido ao departamento de Estado que revisasse a presença de Cuba na lista, segundo a legislação vigente.

Cuba integra a lista, que inclui ainda Irã, Síria e Sudão, desde 1982.

Estados Unidos e Cuba iniciaram uma agenda de aproximação, mas Havana deixou claro que considera prioritário que o país seja retirado da lista para que avancem as negociações sobre o restabelecimento das relações diplomáticas e a reabertura de embaixadas.

Em visita à Jamaica, Obama destacou que o processo de negociações "levará tempo". "Nunca previ que tudo pudesse mudar do dia para a noite". Mas o presidente também avisou que irá para a cúpula com "uma mensagem de diálogo".

Um dos objetivos imediatos da agenda de aproximação é o restabelecimento dos laços diplomáticos e a abertura das embaixadas. No momento, Havana e Washington têm Seções de Interesses, um status diplomático excepcional que os dois países mantêm nas duas capitais desde 1977, sob os auspícios da Suíça.

Entre os pontos de maior polêmica estão as indenizações para as empresas americanas nacionalizadas após a Revolução Cubana nos anos 60; e a exigência de Havana de uma compensação pelas perdas provocadas pelo embargo comercial imposto por Washington à Ilha a partir de 1962, que segundo o governo teria provocado um prejuízo de 116 bilhões de dólares.

Havana também quer a devolução da base naval de Guantánamo, no extremo leste da Ilha, que os Estados Unidos ocupam desde 1903, mas este é um tema tabu para Washington, especialmente porque Obama ainda precisa fechar o centro de detenção que funciona na base, onde permanecem mais de 100 prisioneiros da "guerra contra o terror".

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