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Eleições EUA: Kennedy Jr. suspende campanha e anuncia apoio a Trump

Candidato independente à Presidência tem cerca de 5% nas pesquisas; saída pode mudar cenário da disputa nos EUA

Robert Kennedy Jr, candidato a presidente dos EUA (Kevin Dietsch/Getty Images)

Robert Kennedy Jr, candidato a presidente dos EUA (Kevin Dietsch/Getty Images)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 23 de agosto de 2024 às 15h35.

Última atualização em 23 de agosto de 2024 às 17h25.

Chicago, Estados Unidos - Robert Kennedy Jr, que disputa a Presidência dos Estados Unidos como candidato independente, desistiu da disputa e declarou apoio a Donald Trump.

RFK, como é conhecido, anunciou a decisão em um pronunciamento no começo da tarde desta sexta, 23, em Phoenix, Arizona. "Eu não acredito mais que eu tenha um caminho realista para uma vitória. Não estou encerrando minha campanha, mas simplesmente suspendendo-a", disse Kennedy.

Ele afirmou que manterá seu nome nas cédulas em alguns estados, e que não sairá de todos por acreditar que a desistência poderá ajudar Kamala Harris. RFK disse que apoiará Trump na disputa.

"Se você vive num estado azul (de domínio democrata), você poderá votar em mim sem atrapalhar ou ajudar o presidente Trump ou a vice-presidente Harris. Nos estados vermelhos (de domínio republicano) o mesmo se aplica. Mas em cerca de dez estados-chave onde minha presença poderá ser decisiva, vou retirar meu nome e peço que os eleitores não votem em mim", disse.

Kennedy afirmou que há três principais causas para apoiar Trump: liberdade de expressão, a guerra na Ucrânia e o que chamou de "guerra contra nossas crianças".

Em sua fala, o candidato fez vários ataques à imprensa, ao Partido Democrata, e ao sistema democrático americano. Reclamou de ter sido impedido de ir aos debates, por ter percentual baixo nas pesquisas, de não ser chamado para entrevistas nas redes de TV e das exigências complexas para registrar sua candidatura como independente.

Kennedy Jr. é sobrinho do presidente John Kennedy, morto a tiros durante um desfile em carro aberto, e filho de Robert Kennedy, ex-procurador geral dos EUA e candidato a presidente que foi assassinado durante a campanha, em 1968.

Ele fez carreira como advogado ambiental e, inicialmente, se lançou como pré-candidato a presidente pelo Partido Democrata, desafiando o presidente Joe Biden, que buscava a reeeleição. Em outubro de 2023, no entanto, deixou o partido e se lançou como independente.

Kennedy tem cerca de 5% de intenção de voto nas pesquisas, segundo o agregador de pesquisas 538. Como a disputa entre os principais candidatos, Kamala Harris e Donald Trump, está bastante apertada, os votos que iriam para ele podem ser decisivos.

"As pesquisas vão dizer o potencial de transferência de voto, principalmente as pesquisas nos estados críticos que a gente tem acompanhado, mas houve uma migração de eleitores de Robert Kennedy que não eram eleitores do Biden e passaram a ser eleitores da Kamala", diz Mauricio Moura, professor da Universidade George Washington e analista no programa O Caminho para a Casa Branca.

"É um grupo muito anti-Trump, muito anti-partido democrata. Acho difícil esse grupo migrar totalmente para o Donald Trump. A maioria não vai migrar pra nenhum", analisa Moura.

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Nesta sexta, 23, Kamala liderava as pesquisas nacionais com 47,2% de intenção de voto, ante 43,5% de Trump, considerando os dados de vários levantamentos, segundo o 538.

A falta de um partido forte dificulta muito uma candidatura independentes. Como a eleição presidencial nos EUA é descentralizada, os competidores precisam se inscrever e conquistar votos nos 50 estados do país para conseguir se eleger.

Assim, sem um partido já organizado, fica difícil cumprir com todas as burocracias locais e se firmar na disputa. Desde o fim do século 19, todos os presidentes americanos vieram de um dos dois grandes partidos, o Democrata e o Republicano.

Quem é Robert F. Kennedy Jr.

Kennedy, 70 anos, fez carreira como advogado e defensor de causas ambientais. Nos últimos anos, no entanto, se posicionou como ativista anti-vacina e se envolveu em várias polêmicas.

Ele contou ter sido infectado por um parasita que teria comido parte de seu cérebro. Ele disse que teve uma suspeita de câncer no local, mas que depois os médicos teriam diagnosticado a presença de um verme. Como ambientalista, ele fez muitas viagens à África e à Índia, e pode ter se contaminado nesses locais.

Em outra situação curiosa, ele relatou ter pego um urso morto, que teria achado na estrada, e deixado o corpo do animal no Central Park, de Nova York, em 2014. Kennedy disse que forjou uma cena para parecer que o animal teria sido atropelado por uma bicicleta.

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