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Keir Starmer, do partido trabalhista, promete mudança após vitória nas eleições britânicas

Depois de 14 anos de hegemonia do partido Conservador, a oposição volta a ter maioria na Câmara dos Comuns

Keir Starmer, novo premiê do Reino Unido (Justin Tallis/AFP)

Keir Starmer, novo premiê do Reino Unido (Justin Tallis/AFP)

AFP
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Agência de notícias

Publicado em 5 de julho de 2024 às 08h08.

Última atualização em 5 de julho de 2024 às 10h17.

A vitória esmagadora dos trabalhistas nas eleições britânicas iniciará uma etapa de "mudança e renovação nacional", afirmou nesta sexta-feira, 5, o líder do partido, Keir Starmer, que será o próximo primeiro-ministro do país, após 14 anos de governos conservadores.

Starmer e os trabalhistas conquistaram 409 das 650 cadeiras na Câmara dos Comuns, segundo os resultados atualizados divulgados na manhã desta sexta-feira 5. Oito circunscrições ainda não concluíram a apuração dos votos.

Os conservadores do atual primeiro-ministro Rishi Sunak conquistaram 119 cadeiras, seu pior resultado eleitoral desde a fundação do partido em 1834, abaixo dos 156 deputados registrados em 1906, a pior marca até agora.

"Os eleitores se expressaram e estão prontos para a mudança, para pôr um fim à política de espetáculo e voltar à política como um serviço à cidadania", declarou o líder trabalhista Starmer, de 61 anos, em um discurso após sua reeleição como deputado em sua circunscrição do norte de Londres.

"Hoje iniciamos um novo capítulo, iniciamos este esforço de mudança, esta missão de renovação nacional, e começamos a reconstruir nosso país", acrescentou o líder trabalhista, que dará os primeiros passos no cenário internacional na próxima semana, em uma reunião de cúpula da Otan em Washington.

O partido de extrema direita Reform UK, do polêmico Nigel Farage, um dos grandes incentivadores do Brexit, conseguiu entrar no Parlamento, com quatro cadeiras até o momento.

"A revolta contra o 'establishment' está em andamento", declarou Farage, 60 anos, na rede social X. Ele conseguiu entrar para o Parlamento britânico em sua oitava tentativa.

Guinada para o centro

Apesar de sua grande vitória, Starmer não superou o recorde de deputados trabalhistas (418), obtido por Tony Blair em 1997, quando encerrou um período de 18 anos de governos conservadores.

Vários líderes felicitaram Starmer. O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, destacou uma "vitória eleitoral histórica" e o primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, afirmou que espera "trabalhar construtivamente" com o novo governo britânico.

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, também parabenizou Starmer. "Ucrânia e Reino Unido foram e continuarão sendo aliados confiáveis em todos os momentos", disse.

O presidente francês, Emmanuel Macron, parabenizou o líder do Partido Trabalhista por sua vitória e disse que seu país vai buscar uma cooperação com o Reino Unido nas áreas de segurança, tecnologia e clima.

Starmer, que aproximou seu partido de posições mais de centro após a derrota trabalhista nas eleições de 2019 de seu antecessor Jeremy Corbyn, de linha mais esquerdista, fez uma campanha por uma "mudança" menos radical.

Corbyn, 74 anos, expulso do Partido Trabalhista acusado de posições antissemitas, confirmou sua presença no Parlamento ao vencer a eleição na circunscrição de Islington North, em Londres.

Starmer prometeu uma gestão cautelosa da economia, com um plano de crescimento a longo prazo que inclui fortalecer os criticados serviços públicos, especialmente o sistema de saúde.

O líder conservador Rishi Sunak, que segundo algumas pesquisas poderia não conseguir a reeleição com deputado, conservou sua cadeira ao vencer a disputa em sua circunscrição, em Richmond, norte da Inglaterra.

Mudança de mãos

"O Partido Trabalhista venceu estas eleições. Os britânicos deram um veredicto claro e eu assumo a responsabilidade. Hoje, o poder muda de mãos, de forma pacífica e ordenada, com boa vontade de todas as partes", disse Sunak.

Se Sunak conseguiu confirmar sua cadeira no Parlamento, isto não aconteceu com outros nomes influentes do Partido Conservador, como a sua antecessora no cargo de chefe de Governo, Liz Truss, ou os ministros da Defesa, Grant Shapps, e da Cultura, Lucy Frazer.

O líder conservador deixa o cargo menos de dois anos depois de ter sido nomeado primeiro-ministro, em outubro de 2022, quando assumiu após um mandato desastroso no aspecto econômico, de apenas 49 dias, de Truss, que havia substituído no cargo Boris Johnson, envolvido em um escândalo de festas na residência oficial durante a pandemia de covid-19.

O Partido Conservador, mergulhado em conflitos internos e em profunda crise, esteve no poder desde maio de 2010, primeiro com David Cameron como primeiro-ministro, seguido por Theresa May e depois Johnson.

O Brexit em 2020 e suas consequências para a economia britânica, a pandemia de covid-19, o aumento do custo de vida e as críticas ao funcionamento do serviço de saúde, com longas listas de espera, acabaram cobrando seu preço dos conservadores.

Após as repetidas acusações de Sunak de que uma vitória trabalhista "seria traduzida em impostos maiores para uma geração", Starmer tentou tranquilizar os eleitores, enfatizando que apenas aumentará as taxas para certos contribuintes, como escolas privadas ou empresas do setor de hidrocarbonetos, mas não para trabalhadores.

Starmer também anunciou que abandonará o projeto conservador de enviar aviões para Ruanda com imigrantes sem documentos para combater a chegada em massa de pessoas que atravessam o Canal da Mancha, que separa a Inglaterra da França.

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