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Karadzic é condenado a 40 anos de prisão por genocídio

Radovan Karadzic foi reconhecido culpado de genocídio pelo massacre de quase 8.000 homens e garotos muçulmanos em Srebrenica, em julho de 1995


	Ex-líder sérvio: Karadzic, de 70 anos, recebeu 11 acusações por genocídio, crimes contra a humanidade e crimes de guerra
 (Robin van Lonkhuijsen / Reuters)

Ex-líder sérvio: Karadzic, de 70 anos, recebeu 11 acusações por genocídio, crimes contra a humanidade e crimes de guerra (Robin van Lonkhuijsen / Reuters)

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Da Redação

Publicado em 24 de março de 2016 às 13h24.

O ex-líder político sérvio-bósnio Radovan Karadzic foi considerado culpado de genocídio e outras nove acusações de crimes contra a Humanidade e crimes de guerra, cometidos durante a guerra da Bósnia, e condenado a 40 anos de prisão pelo Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia (TPII).

Radovan Karadzic foi reconhecido culpado de genocídio pelo massacre de quase 8.000 homens e garotos muçulmanos em Srebrenica, em julho de 1995, no pior massacre cometido na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.

"Radovan Karadzic, o Tribunal o condena a 40 anos de prisão", pronunciou o juiz O-Gon Kwon, afirmando que o acusado era o responsável pelas "estruturas militares, políticas e governamentais" dos sérvios da Bósnia.

Contudo, os juízes decidiram que não havia provas suficientes para afirmar que um genocídio foi cometido em outros sete municípios da Bósnia.

O conselheiro jurídico de Karadzic, Peter Robinson, afirmou que o acusado está "decepcionado e surpreso" e que "apelará da decisão".

"Justiça foi feita", comemorou o procurador do TPII. "Milhares de pessoas vieram aqui contar suas experiências e, corajosamente, enfrentar seus perseguidores", afirmou em um comunicado, acrescentando: "com esta condenação, esta verdade foi respeitada".

O alto comissário das Nações Unidas para os direitos Humanos, Zeid Ra’ad Al Hussein, considerou como "extremamente importante" o veredicto, afirmando que prova que "ninguém está acima da lei".

Karadzic, de 70 anos, recebeu 11 acusações por genocídio, crimes contra a humanidade e crimes de guerra durante o confronto bélico da Bósnia, que deixou mais de 100.000 mortos e 2,2 milhões de deslocados entre 1992 e 1995.

Ex-psiquiatra, Radovan Karadzic, vestindo um terno escuro e gravata, escutou a leitura do veredicto atentivamente.

Muitas vítimas, incluindo ex-prisioneiros e mães de Srebrenica viajaram para assistir ao julgamento, assim como diplomatas e juristas do mundo inteiro.

A polícia, mobilizada em grande número, foi orientada a se manter "extremamente vigilante" dois dias após os atentados de Bruxelas.

"Limpeza étnica" em Srebrenica

Radovan Karadzic foi a principal autoridade julgada pelo tribunal pelos supostos crimes cometidos durante o conflito, após a morte em 2006, durante o processo, do ex-presidente sérvio Slobodan Milosevic.

Antes do início do julgamento, a ex-porta-voz da procuradora do TPII, a francesa Florence Hartmann, foi detida nesta quinta pelos guardas do tribunal aos prantos.

Florence Hartmann, porta-voz da procuradora Carla Del Ponte 2000-2006, foi condenada por desacato ao tribunal em 2009 pela publicação em um livro de duas decisões confidenciais sobre o processo de Slobodan Milosevic.

Karadzic foi o presidente da república unilateralmente proclamada dos sérvios da Bósnia, a República Srpska.

De acordo com a acusação, ele pretendia dividir a Bósnia e "expulsar para sempre os muçulmanos e croatas dos territórios reivindicados pelos sérvios da Bósnia".

Karadzic, na época o fugitivo mais procurado da Europa, escapou da justiça internacional por quase 13 anos. Foi detido em julho de 2008 em um ônibus de Belgrado. Ele se fazia passar por um terapeuta de medicina alternativa.

Segundo os juízes, o massacre de Srebrenica se inscreve no quadro de "limpeza étnica" planejada por Radovan Karadzic com o general Ratko Mladic e Slobodan Milosevic após o desmantelamento da Iugoslávia.

Ele também foi reconhecido culpado de perseguições, assassinatos, estupros, tratamentos desumanos e deslocamentos forçados, principalmente durante o cerco de Sarajevo, que durou 44 dias e matou 10.000 pessoas, assim como dos campos de detenção em "condições de vida desumanas".

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