Mundo

Kadafi envia emissário ao Egito enquanto combates prosseguem

Próxima de campos de petróleo, a cidade de Ras Lanuf é palco do confronto entre as forças do ditador e os rebeldes

Rebeldes fogem de explosões durante um combate nos arredores da cidade de Ras Lanuf (Roberto Schmidt/AFP)

Rebeldes fogem de explosões durante um combate nos arredores da cidade de Ras Lanuf (Roberto Schmidt/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 9 de março de 2011 às 19h23.

Benghazi, Líbia - Os confrontos entre as brigadas do líder líbio Muammar Kadafi e os milicianos rebeldes continuam em Ras Lanuf três semanas depois do início do levante popular contra o regime, enquanto um emissário do governante foi enviado ao Egito.

Em entrevista coletiva concedida em Benghazi, a segunda maior cidade da Líbia, Abdel Hafez Ghoga, porta-voz do principal órgão rebelde, o Conselho Nacional Transitório Interino (CNTR), afirmou que o grupo espera saber em breve detalhes sobre as conversas entre o representante de Kadafi e o chefe do Conselho Militar egípcio, Hussein Tantawi.

"Estamos acompanhando a situação, há um representante do regime no Egito e estamos em contato com o país através da Liga Árabe", disse o porta-voz e vice-presidente do CNTR ao ser questionado pela Agência Efe.

As atividades do emissário líbio, o general Abdul-Rahman bin Ali al-Saiid al-Zawi, responsável da Autoridade de Provisões e Logística e também vice-ministro da Defesa, estão rodeadas de grande mistério.

A única confirmação oficial de sua chegada foi dada pela agência oficial egípcia "Mena", que relatou que o avião privado que transportava o general havia aterrissado no aeroporto internacional do Cairo.

A agência afirmou que as razões da visita eram desconhecidas e também não confirmou se o chefe militar líbio estava reunido com altos comandantes militares egípcios, como disse o canal "Al Jazeera", ou se simplesmente estava se exilando na cidade.

Porta-vozes do Conselho Supremo das Forças Armadas consultados pela Efe se recusaram a fornecer qualquer informação a respeito, e embora tenham dito que possivelmente um comunicado seria divulgado, até o momento não há informações oficiais sobre o assunto.

Do mesmo local de onde decolou o avião do enviado líbio partiram outros dois jatos privados, que segundo a "Al Jazeera" também se dirigiram para a capital egípcia após mudarem várias vezes de rumo. No entanto, sua missão, seu destino final e a identidade de seus passageiros são desconhecidos.

Este contato entre o regime líbio e as autoridades do Egito coincide com novos enfrentamentos entre as brigadas de Kadafi e os milicianos rebeldes na frente ocidental de Ras Lanuf, onde várias instalações petrolíferas foram danificadas.

Segundo Abdel Hafez Ghoga, os bombardeios da aviação do regime, que qualificou como "violentos", se centraram em Ras Lanuf, onde há um porto para a exportação de petróleo, e também causaram danos a um oleoduto.


No entanto, descartou que a destruição destas instalações possa afetar o fornecimento de petróleo, mas alertou que caso esses ataques continuem, pode ocorrer uma catástrofe ambiental.

"(Kadafi) ameaçou atacar as instalações petrolíferas e agora está bombardeando sem compaixão", disse Ghoga, que ressaltou que os milicianos controlam Ras Lanuf e estenderam sua presença até a cidade de Ben Jawad, que havia sido tomada no sábado passado e foi retomada pelas brigadas de Kadafi um dia depois.

Apenas nesta terça-feira, mais de 40 milicianos morreram nestes combates, segundo detalhou anteriormente o porta-voz dos rebeldes Issam Geriani.

Além disso, Ghoga ressaltou que o Exército regular da região rebelde começou a ajudar os milicianos e a tentar organizar a situação.

"As Forças Armadas estão presentes para proteger as fronteiras de Ajdabiya e Brega (ao leste de Ras Lanuf) e apresentaram um plano militar ofensivo", disse o porta-voz em referência à desorganização do avanço dos milicianos, que se movimentam mais por intuição do que de acordo com um plano determinado.

Ghoga ressaltou que "não há realmente um enfrentamento em terra, mas sobretudo bombardeios" e explicou que o CNTR não solicitará equipamento militar até a imposição de uma zona de exclusão aérea.

Por outro lado, o porta-voz indicou que, em caso de que a medida não seja adotada, terão que conseguir armamento defensivo, embora não tenha fornecido mais detalhes.

Enquanto isso, na frente ocidental, onde as forças de Kadafi acabaram com a resistência organizada em Zawiya e mantêm o cerco a Misrata, ainda em mãos rebeldes, os confrontos foram esporádicos.

As notícias destas duas cidades são escassas devido às dificuldades de estabelecer contato depois que o regime cortou as linhas telefônicas e dificultou o uso da telefonia via satélite, segundo os rebeldes.

A emissora de televisão estatal exibiu uma manifestação com algumas centenas de pessoas em imagens nas quais indicou que realizavam a reconquista de Zawiya.

Acompanhe tudo sobre:ÁfricaGuerrasLíbiaMuammar KadafiPolíticaPolíticos

Mais de Mundo

Eleições na Romênia agitam país-chave para a Otan e a Ucrânia

Irã e Hezbollah: mísseis clonados alteram a dinâmica de poder regional

Ataque de Israel ao sul do Líbano deixa um militar morto e 18 feridos

Trump completa escolha para altos cargos de seu gabinete com secretária de Agricultura