"Os rebeldes têm duas possibilidades: render-se ou fugir", ameaçou Kadafi (Jeff Zelevansky/Stringer)
Da Redação
Publicado em 15 de março de 2011 às 14h24.
Roma - O ditador líbio, Muamar Kadafi, afirmou em uma entrevista ao jornal italiano Il Giornale que os rebeldes perderam a batalha e que tem o apoio do povo, além de ter declarado que sente-se "traído" pelo chefe de Governo italiano Silvio Berlusconi.
"Não restam esperanças para eles, é uma causa perdida", afirmou Kadafi ao enviado especial do jornal de propriedade da família Berlusconi.
"Os rebeldes têm duas possibilidades: render-se ou fugir", acrescentou o dirigente líbio, que acusou as forças rebeldes de "usar os civis como escudos humanos, inclusive as mulheres".
Sobre a possibilidade do conflito terminar em "banho de sangue" nas cidades que ainda estão nas mãos dos rebeldes, Kadafi afirmou que o objetivo é "combater o terrorismo".
"Por isso avançamos tão rapidamente, para evitar massacres", disse.
"Se eles se renderem, não vamos matá-los", afirmou o coronel líbio, que destacou que a ordem dada a suas tropas é de "cercá-los".
Kadafi descartou qualquer negociação com as forças insurgentes.
"Dialogar? Com quem? Não é possível negociar com terroristas próximos de Osama bin Laden. Eles mesmos não acreditam no diálogo, pensam apenas em combater e em matar, matar e matar".
"A comunidade internacional não sabe o que acontece de verdade na Líbia. O povo está comigo, o resto é propaganda", declarou Kadafi.
Para o coronel, a população de Benghazi, chamada de "capital" dos rebeldes, "tem medo destas pessoas e por isso é preciso libertá-la".
"As pessoas nos pedem uma intervenção, nos dizem libertem-nos dos grupos armados", completou.
O ditador líbio admitiu ainda que está "muito decepcionado" com a Europa, em particular com a Itália, antiga potência colonial e maior sócio comercial da Líbia.
"Estou muito contrariado, me sinto traído, não sei o que dizer de Berlusconi", afirmou.
"Não tenho mais contatos com a Itália, nem com Berlusconi", completou.
Sobre a presença de importantes grupos italianos na Líbia, incluindo a gigante do petróleo Eni, advertiu que espera "que o povo líbio revise seus laços econômicos e financeiros com o Ocidente".