Silvio Berlusconi: a defesa considera que o crime de suborno não existe, já que todo parlamentar é livre para votar em quem quiser e não tem obrigação alguma de obedecer ao seu partido (Tiziana Fabi/AFP)
Da Redação
Publicado em 24 de junho de 2015 às 15h49.
Roma - O tribunal de Nápoles, sul da Itália, pediu nesta quarta-feira cinco anos de prisão para o ex-chefe de governo Silvio Berlusconi, acusado de corrupção, informaram fontes judiciais.
A sentença contra o ex-magnata das comunicações pelo suposto suborno de um senador será pronunciada em 8 de julho, indicou a agência de notícias italiana Agi.
Berlusconi está sendo processado pelo pagamento em 2006 de três milhões de euros ao senador Sergio De Gregorio para que passasse do partido Itália dos Valores (IDV) ao Povo da Liberdade, o grupo do "Il Cavaliere".
Desta maneira se acelerava a queda do governo de centro-esquerda liderado na época por Romano Prodi, depois de vencer as eleições legislativas de 2006 por um punhado de votos.
O tribunal também pediu quatro anos e quatro meses de prisão para o jornalista e empresário Valter Lavitola, ex-diretor do jornal L'Avanti, amigo e colaborador de Berlusconi, acusado em outro julgamento como intermediário para o pagamento de subornos milionários no Panamá.
Durante a investigação judicial, De Gregorio confessou aos juízes que recebeu da parte do magnata a soma de dois milhões de euros em dinheiro, através de várias consignações e mais um milhão para o movimento político Italianos no mundo, presente em vários países da América Latina, entre eles Argentina, Brasil e Venezuela.
A defesa de Berlusconi considera que o crime de suborno de um senador não existe, já que todo parlamentar é livre para votar em quem quiser e não tem obrigação alguma de obedecer ao seu partido, segundo estabelece a Constituição italiana.
O julgamento ocorre em Nápoles devido ao fato de o senador ter sido eleito nas listas destas circunscrição.
A passagem do senador à centro-direita contribuiu para a queda em 2008 do governo de Prodi, rival histórico de Berlusconi, que se viu obrigado a renunciar ao cargo apenas dois anos depois das eleições legislativas ao ter perdido a maioria no Parlamento.