Mundo

Justiça francesa condena ex-presidente Nicolas Sarkozy a cinco anos de prisão

Tribunal de Paris responsabiliza Sarkozy por associação criminosa em esquema com a Líbia

AFP
AFP

Agência de notícias

Publicado em 25 de setembro de 2025 às 09h27.

A Justiça francesa condenou nesta quinta-feira, 25, a cinco anos de prisão o ex-presidente Nicolas Sarkozy no caso de suposto financiamento ilegal de sua campanha eleitoral de 2007 por parte da Líbia. O tribunal de Paris determinou ainda a aplicação provisória da pena.

A sentença não será suspensa caso o ex-mandatário, de 70 anos, apresente recurso. Dentro de um mês, a Justiça deve informar a data de sua entrada na prisão.

Condenação e acusações

A condenação por associação criminosa se soma a outras duas já recebidas por corrupção, tráfico de influência e financiamento ilegal de campanha em 2012. Um dos casos resultou na perda da Legião de Honra, principal distinção francesa. Sarkozy, no entanto, nunca passou um dia preso.

O ex-presidente, que defendeu sua inocência, esteve no tribunal acompanhado da esposa, Carla Bruni-Sarkozy, e de três de seus filhos.

Segundo a presidente do tribunal, Nathalie Gavarino, Sarkozy é culpado de ter "permitido que seus colaboradores próximos atuassem com o objetivo de obter apoios financeiros". Contudo, o processo não conseguiu provar que "o dinheiro que saiu da Líbia" foi usado diretamente para financiar sua campanha vitoriosa de 2007.

Ligações com Kadhafi

A Promotoria havia pedido sete anos de prisão, por considerar Sarkozy o "verdadeiro responsável" por um pacto com o ditador líbio Muammar Kadhafi, morto em 2011. O tribunal, porém, o absolveu da acusação de corrupção.

Segundo os investigadores, Sarkozy e sua equipe prometeram ajuda a Kadhafi para restaurar sua imagem internacional em troca de recursos para a campanha. A França foi um dos países decisivos na intervenção da Otan que resultou na queda do ditador durante a Primavera Árabe.

Aliados condenados

Outras 11 pessoas foram processadas junto a Sarkozy. O ex-braço direito Claude Guéant recebeu pena de seis anos de prisão por corrupção e associação criminosa, e o ex-ministro Brice Hortefeux foi condenado a dois anos.

O caso se baseia em declarações de ex-dirigentes líbios, viagens de Guéant e Hortefeux à Líbia, transferências financeiras e nos cadernos do ex-ministro do Petróleo líbio Shukri Ghanem, encontrado morto em Viena em 2012.

Testemunha-chave morta

A nova condenação foi ofuscada pela morte de Ziad Takieddine, empresário franco-libanês de 75 anos, acusado de entregar até 5 milhões de euros à campanha de Sarkozy em 2006 e 2007. Takieddine morreu em Beirute nesta semana após sofrer uma parada cardíaca.

O empresário chegou a se retratar e depois se contradisse em suas declarações. A Justiça abriu outro processo contra Sarkozy e Carla Bruni por suspeita de pressionar uma testemunha.

Histórico judicial de Sarkozy

O ex-presidente já havia sido condenado por corrupção e tráfico de influência no caso das "escutas", cumprindo pena com tornozeleira eletrônica entre janeiro e maio deste ano.

No próximo 8 de outubro, a Corte de Cassação avaliará seu recurso no caso "Bygmalion", sobre o financiamento da fracassada campanha de 2012, que lhe rendeu seis meses de prisão.

Apesar das condenações, Sarkozy mantém influência política na França e conversa regularmente com o atual presidente, Emmanuel Macron.

Acompanhe tudo sobre:FrançaLíbiaNicolas Sarkozy

Mais de Mundo

Trem mais rápido do mundo deve iniciar operações na China em 2026

‘Hamas sentiu o nosso poder, atacamos Gaza com 153 toneladas de bombas’, afirma Netanyahu

Presidente eleito da Bolívia afirma que vai retomar relações com os EUA após quase 20 anos

Cidadania espanhola 'facilitada' acaba nesta quarta-feira; saiba o que muda na Lei dos Netos