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Justiça fixa fiança de US$1 mi para policial acusado de matar George Floyd

O ex-agente, de 44 anos, foi filmado no dia 25 de maio pressionando o joelho contra o pescoço de George Floyd por quase nove minutos

Protestos: a morte de George Floyd gerou uma onda de protestos nos Estados Unidos e no mundo (Mike Segar/Reuters)

Protestos: a morte de George Floyd gerou uma onda de protestos nos Estados Unidos e no mundo (Mike Segar/Reuters)

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AFP

Publicado em 9 de junho de 2020 às 08h57.

Última atualização em 9 de junho de 2020 às 08h58.

Uma fiança de pelo menos um milhão de dólares foi estabelecida nesta segunda-feira (8) na primeira apresentação à justiça do ex-policial americano Derek Chauvin, acusado do assassinato de George Floyd que abalou os Estados Unidos e o mundo.    

O ex-agente, de 44 anos, detido em uma prisão de alta segurança do estado de Minnesota, apareceu após o meio-dia em uma roupa de prisioneiro laranja em uma tela de um tribunal em Minneapolis, norte dos Estados Unidos.

Chauvin, que foi filmado em 25 de maio pressionando o joelho contra o pescoço de Floyd por quase nove minutos, até que Floyd, algemado, parou de respirar, foi acusado na semana passada de homicídio em segundo grau, homicídio em terceiro grau e homicídio culposo.

Na breve audiência por videoconferência, a juíza do condado de Hennepin, Jeannice Reding, estabeleceu a fiança de Chauvin em US$ 1 milhão com várias condições, ou US$ 1,25 milhão sem elas, se ele quiser ser libertado antes do julgamento.

Seu advogado, Eric Nelson, não se opôs a essa quantia, que seu cliente provavelmente não poderá pagar.

O cumprimento das condições exigiria que Chauvin entregasse suas armas de fogo, não trabalhasse mais na aplicação da lei ou segurança em qualquer posição, e não tivesse contato com a família de Floyd.

O procurador do Estado, Matthew Frank, solicitou uma fiança elevada, considerando que Chauvin apresenta risco de fuga devido à seriedade das acusações e à forte reação do público ao caso.

As partes concordaram em se reunir em uma próxima audiência em 29 de junho, que abordará os méritos do caso pela primeira vez.

Três outros policiais, que presenciaram a detenção de Floyd, foram detidos e estão sendo processados por cumplicidade. Junto com Chauvin, eles foram demitidos do Departamento de Polícia no dia seguinte à morte do afro-americano.

"Lei e ordem", insiste Trump

Em Washington, cerca de vinte parlamentares democratas liderados pela presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, e pelo líder da minoria do Senado, Chuck Schumer, se ajoelharam em silêncio por 8 minutos e 46 segundos, o mesmo tempo em que Chauvin imobilizou Floyd.

O tributo, realizado no Emancipation Hall, que homenageia os escravos que ajudaram a erguer o Capitólio, ocorreu antes da apresentação de um projeto de lei que visa "acabar com a brutalidade policial".

A "Lei para as Práticas Policiais Justas"  tem, no entanto, poucas chances de ser aprovada no Senado, onde os republicanos são maioria. E o presidente Donald Trump, que respondeu duramente aos protestos, também não parece favorável a aprová-la.

"LEI E ORDEM, NÃO DESFINANCIEM E ACABEM COM A POLÍCIA. Os democratas radicais de esquerda enlouqueceram!", escreveu o presidente no Twitter.

"Há uma razão para que haja menos crimes. É porque a lei é aplicada", disse ele mais tarde durante uma mesa redonda com policiais na Casa Branca. 

"Não haverá subfinanciamento, não haverá desmantelamento da polícia", afirmou.

Em todo o país, dezenas de milhares de pessoas, brancas e negras, unidas contra o racismo e a violência policial, encheram as ruas neste fim de semana de forma pacífica, nos maiores protestos contra o racismo desde a morte de Martin Luther King Jr., em 1968.

Nos seus cartazes, junto com o lema "Black Lives Matter", havia vários com pedidos pelo fim do financiamento da polícia.

"Os democratas na Câmara e no Senado hoje dizem: 'Nós vemos vocês, ouvimos vocês, estamos agindo'", afirmou o congressista de Nova York, Steny Hoyer.

Porém, a legislação proposta pelos democratas não faz referência à interrupção do financiamento da polícia. O candidato presidencial democrata, Joe Biden, provável rival de Trump nas eleições de novembro, divulgou uma declaração rejeitando categoricamente essa ideia.

No domingo, o município de Minneapolis prometeu demolir o Departamento de Polícia para refazê-lo completamente, algo que o prefeito Jacob Frey disse à AFP não ser a favor.

Despedida em Houston

Em um mundo abalado pela pandemia, que aumentou ainda mais as desigualdades sociais, de Paris ao Reino Unido, da Austrália ao Brasil, a revolta pela morte de Floyd ultrapassou as fronteiras americanas.

Em Houston, onde Floyd cresceu e onde será enterrado na terça-feira junto de sua mãe, centenas de pessoas esperavam pacientemente sob um calor sufocante para se despedirem dele. 

Na igreja Fountain of Praise, a emoção era visível, apesar das máscaras que cobriam os rostos daqueles que passavam na frente do caixão dourado com a gaveta aberta.

Alguns fizeram o sinal da cruz, outros se ajoelharam, muitos inclinaram a cabeça em sinal de recolhimento.

"Ele está nos unindo como um país", disse Kevin Sherrod, de 41 anos. "Este é um momento especial da história, e eles se lembrarão de que fizeram parte", acrescentou, acompanhado por sua esposa e dois filhos, de oito e nove anos.

Alguns vestiam camisetas estampadas com a frase "I can't breathe" (Não consigo respirar), as últimas palavras ditas por Floyd. Outros erguiam o punho, um sinal de poder negro e solidariedade, diante do caixão.

Biden, que na segunda-feira teve a maior margem de vantagem sobre Trump na última pesquisa de intenções de voto realizada pela CNN (55% contra 41%), encontrou-se com familiares de Floyd em Houston.

"Ele sentiu sua dor e compartilhou da sua tristeza", disse Benjamin Crump, advogado da família, destacando "o enorme significado" dessa compaixão.

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