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Justiça argentina faz operação na casa de Jorge Videla

Polícia coletou uma enorme quantidade de documentação ainda não analisada e em grande parte desconhecida

Videla admitiu em um livro ter participação no desaparecimento de "sete ou oito mil pessoas" para evitar protestos dentro e fora do país (Wikimedia Commons)

Videla admitiu em um livro ter participação no desaparecimento de "sete ou oito mil pessoas" para evitar protestos dentro e fora do país (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 30 de abril de 2012 às 11h03.

A justiça argentina realizou uma operação na casa do ex-ditador Jorge Videla e de outros ex-chefes do regime militar (1976/83) e recolheu documentação que poderia ser útil em causas de violação aos direitos humanos, informou neste domingo o jornal Página 12 de Buenos Aires.

A polícia "coletou uma enorme quantidade de documentação ainda não analisada e em grande parte desconhecida", anunciou uma fonte judicial ao jornal, sobre as operações realizadas entre a sexta-feira e o sábado nas residências de Videla, seu ministro do Interior, Albano Harguindeguy, e o ex-general Omar Riveros.

Os agentes encontraram peças com etiquetas de "Secreto", vídeos, agendas, fitas cassetes, manuscritos e cartas dos serviços de inteligência, segundo o jornal.

Videla, que foi presidente do regime entre 1976 e 1981 e que já tem duas condenações à prisão perpétua, admitiu em um livro ter participação no desaparecimento de "sete ou oito mil pessoas" para evitar protestos dentro e fora do país.

"Digamos que eram sete ou oito mil pessoas que deveriam morrer para ganhar a guerra contra a subversão", disse Videla ao jornalista Ceferino Reato, que o entrevistou durante vinte horas entre outubro de 2011 e março de 2012 em uma cela da prisão federal dentro do quartel militar de Campo de Maio.

As operações foram ordenadas pela justiça federal de San Martín, na província de Buenos Aires, no marco de uma causa que investiga o papel de Riveros, ex-diretor do Instituto Militar, em sequestros de funcionários de companhias automobilísticas, como a americana Ford e a alemã Mercedes Benz, entre outras.

"O material resgatado pode ser de grande utilidade para avançar nos processos de memória, verdade e justiça", acrescenta o jornal.

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