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Justiça alemã condena ex-executivos da Volkswagen à prisão por fraude

Escândalo 'dieselgate 'envolveu fraude nas medições de emissões de poluentes em 11 milhões de carros em todo o mundo, incluindo modelos de Porsche e Audi

Agência o Globo
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Publicado em 26 de maio de 2025 às 17h28.

Última atualização em 26 de maio de 2025 às 17h41.

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A Justiça alemã condenou hoje quatro ex-dirigentes da Volkswagen por participação na fraude do escândalo conhecido como "dieselgate", descoberto em 2015, quando autoridades dos Estados Unidos descobriram um software que manipulava as medições de emissões de poluentes em milhões de carros do gigante alemão, burlando os testes ambientais.

A fraude permitia que os veículos da montadora aparentassem ser menos poluentes do que realmente eram.

"As autoridades responsáveis pela certificação dos veículos não foram informadas de que as emissões eram muito mais altas em condições reais de uso. É claro que isso era ilegal", afirmou na leitura da sentença o juiz Christian Schütz, do Tribunal de Braunschweig, quase quatro anos após o início do processo.

A Volkswagen reconheceu que equipou cerca de 11 milhões de carros em todo o mundo com o software que enganava os testes de emissões de poluentes, incluindo automóveis das marcas Audi e Porsche. O programa identificava quando o veículo estava em teste e reduzia as emissões do motor.

O escândalo deu início a uma das maiores crises da história da Volkswagen, que abalou a reputação da marca e custou até agora cerca de € 33 bilhões à empresa. A montadora teve de pagar uma multa de US$ 1 bilhão ao Estado alemão da Baixa Saxônia, que é acionista da empresa, e indenizações para cerca de 250 mil compradores de veículos a diesel.

Jens H., que chefiava a área de desenvolvimento de motores a diesel, teve a pena mais alta: quatro anos e meio de prisão. O ex-chefe de eletrônica de acionamento Hanno J. foi condenado a dois anos e sete meses de prisão. O réu de cargo mais alto, Heinz-Jakob Neusser, ex-chefe de desenvolvimento, recebeu a sentença de um ano e três meses em liberdade condicional. Já o ex-chefe de departamento Thorsten D. foi condenado a um ano e dez meses, também também com sursis. Os condenados podem recorrer da sentença.

Esse foi apenas um dos julgamentos do escândalo. O ex-CEO da Volkswagen Martin Winterkorn, que era o líder empresarial mais bem pago da Alemanha e renunciou após o "dieselgate" explodir, também foi processado. Ele foi acusado pelo Ministério Público em 2019, junto com os quatro condenados ontem, mas, mesmo antes de o julgamento começar, a parte relativa a ele no processo foi separada das demais "por motivos de saúde". A maioria dos envolvidos se mostrou indignada com a exclusão de Winterkorn do julgamento, argumentando que ele é o personagem principal do escândalo.

Após anos sem grandes aparições públicas, Winterkorn foi interrogado como testemunha pelo tribunal de Braunschweig num outro julgamento do escândalo, no início de 2024, e negou responsabilidade. Poucos meses depois, ele compareceu ao tribunal como réu, rejeitou as acusações e disse que sua carreira foi prejudicada pelo escândalo. Dias depois, ele se envolveu em um acidente, o que interrompeu o julgamento recém-iniciado. Se e quando o processo irá ser retomado segue em aberto.

Ao longo do julgamento, e para esclarecer a questão de qual era o papel de cada um no programa secreto ilegal de manipulação de emissões, os quatro réus acusaram uns aos outros e a Winterkorn.

Os processos abertos contra nove réus foram arquivados após um acordo para o pagamento de multas. Já os processos contra outros 47 acusados foram interrompidos ainda durante a investigação em troca de multas e com o consentimento do tribunal regional.

Em junho de 2023, na primeira sentença do caso, o ex-CEO da Audi Rupert Stadler foi condenado em Munique a um ano e nove meses de prisão em liberdade condicional por fraude e a pagar € 1,1 milhão. Apesar de um acordo inicial, os advogados de defesa entraram com um recurso.

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