Dominique Strauss-Kahn está detido até sua próxima audiência sobre as acusações de agressão sexual e tentativa de estupro (International Monetary Fund)
Da Redação
Publicado em 16 de maio de 2011 às 23h31.
Bruxelas - O chefe dos ministros das Finanças da zona do euro, Jean-Claude Juncker, declarou-se nesta segunda-feira "profundamente triste" e "decepcionado" com a denúncia contra o diretor-gerente do FMI, Dominique Strauss-Kahn, por crimes sexuais, e criticou os países que lançaram o debate sobre a sucessão do chefe do Fundo.
"Estou triste e decepcionado", disse Juncker durante entrevista coletiva que se seguiu a uma reunião ministerial em Bruxelas, lembrando que Dominique Strauss-Kahn é "um bom amigo".
"Não gostei das imagens que vi na televisão esta manhã", destacou, em alusão ao momento em que o diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional foi algemado pela polícia de Nova York.
"Strauss-Kahn está nas mãos da justiça americana, não somos nós que devemos fazer comentários sobre isso, mas isto me deixa profundamente, profundamente triste", acrescentou Juncker.
Ao mesmo tempo, criticou com veemência os representantes políticos europeus que começaram a discutir a sucessão de Strauss-Kahn à frente do FMI sem esperar o fim do processo, no qual foi denunciado por tentativa de estupro.
"Uma vez que Dominique Strauss-Khan não renunciou, me recusarei a responder perguntas sobre isso (sucessão)", acrescentou Juncker a respeito do perfil do próximo diretor-gerente do FMI.
Dominique Strauss-Kahn está detido até sua próxima audiência sobre as acusações de agressão sexual e tentativa de estupro. A ata de acusação fornecida pela corte penal de Nova York traz sete acusações contra o diretor-gerente: duas por cometer ato sexual criminoso, uma de tentativa de estupro, uma de cárcere privado, duas de abuso sexual e uma de manipulação sem consentimento.
Mesmo acusado e detido, o francês não renunciou as suas funções no FMI. A instituição deliberadamente o substituiu pelo número dois da instituição, o economista americano John Lipsky.
Apesar da subsituição, Alemanha e Bélgica já lançaram o debate, defendendo que o posto deveria ser ocupado por um outro país europeu, alegando que a Zona do Euro está em crise. Ao mesmo tempo, países emergentes pedem que um dos seus representantes ocupe finalmente esta função.
O ministro belga de finanças, Didier Reynders, julgou preferível que a Europa continue ocupando este posto e a chanceler alemã, Angela Merkel, anunciou ter "boas razões para dizer que Europa tem candidatos".
Desde 1946, o posto de diretor do FMI é ocupado por um europeu. No total, o cargo foi ocupado por 34 anos por franceses. Quando Strauss-Kahn apresentou sua candidatura, em 2007, Juncker o apontou como o último diretor vindo da Europa.