O ex-presidente Donald Trump, durante sessão de julgamento em Nova York (Jabin Botsford-Pool/Getty Images/AFP)
Redação Exame
Publicado em 18 de abril de 2024 às 10h05.
Donald Trump retorna, nesta quinta-feira (18), ao tribunal de Nova York onde o juiz do primeiro julgamento criminal de um ex-presidente dos Estados Unidos continuará com a seleção dos membros do júri. A expectativa é que as declarações das testemunhas comecem só na próxima semana.
A Promotoria de Manhattan acusa o magnata de 34 falsificações de documentos contábeis da empresa da família, Trump Organization, para comprar o silêncio de uma ex-atriz pornô por um caso extraconjugal, para que não interferisse na campanha de 2016 que ele venceu contra a democrata Hillary Clinton.
Se for considerado culpado, Trump, de 77 anos, pode ser condenado a quatro anos de prisão, embora para isso o veredicto do júri deva ser unânime.
O juiz de origem colombiana Juan Merchan já havia selecionado na terça-feira, antes do recesso de um dia, 7 dos 12 membros, aos quais se somam seis suplentes, do júri que dará seu veredicto em plena campanha do republicano candidato às eleições de 5 de novembro, em uma situação inusitada.
Tanto a acusação como a defesa podem recusar 10 candidatos a jurados cada um, o que despertou a ira de Trump, na sua plataforma Truth Social, por considerar que este número "não é suficiente" em uma cidade que vota predominantemente democrata. "A caça às bruxas continua", afirmou.
Merchan teve que chamar a atenção de Trump na terça-feira por seus comentários a respeito de uma candidata, e alertou-o que "não tolerará qualquer intimidação" dos jurados.
O juiz já marcou uma audiência para a próxima semana para considerar se Trump deve ser detido por desacato por violar uma ordem que o proíbe de atacar pessoas ligadas ao caso.
Os candidatos, que são identificados por um número, já que os seus nomes permanecem anônimos para evitar assédio, têm que responder a um questionário exaustivo de 42 perguntas que se concentra especialmente em saber se se sentem capazes de julgar, com equidade e imparcialidade, um caso altamente midiatizado e politizado, além de quais jornais leem e as redes sociais que utilizam.
Os escolhidos até agora são, em sua maioria, profissionais de diversas origens que moram em Nova York.
Em vez de interrogá-los um por um, no primeiro grupo o juiz pediu àqueles que achavam que não poderiam ser imparciais que levantassem a mão. Mais da metade ficou de fora. Para esta quinta-feira, Merchan convocou uma nova leva de 96 candidatos.
O juiz espera entrar no assunto na segunda-feira com a apresentação dos argumentos iniciais da acusação e da defesa antes do início das declarações das testemunhas, entre as quais está o seu ex-advogado pessoal e inimigo jurado do magnata, Michael Cohen, que foi quem pagou do próprio bolso a ex-atriz pornô Stormy Daniels, fazendo-o passar por despesas legais.
O julgamento deverá durar até oito semanas, para irritação de Trump, que critica o fato de ter que estar no tribunal em vez de fazer campanha política.
"Deveria estar agora mesmo na Pensilvânia, na Flórida, em muitos outros estados, na Carolina do Norte, na Geórgia, em campanha", disse ele ao chegar ao tribunal na terça-feira, acusando o presidente democrata Joe Biden, seu adversário quase certo nas eleições presidenciais, de orquestrar uma cruzada judicial contra ele.
Na terça-feira, no final do dia, Trump foi ao Harlem, bairro hispânico no norte de Manhattan, para visitar a vítima de um assalto a uma loja. Lá ele acusou o promotor de Manhattan, Alvin Bragg, que o colocou no tribunal, de "não fazer nada" contra os criminosos e, em vez disso, agir contra ele.
Com AFP.