Juíza Hannah Dugan foi presa por agentes do FBI dentro do Tribunal Federal de Milwaukee (Reprodução/ Redes socias)
Agência de notícias
Publicado em 30 de abril de 2025 às 10h11.
Última atualização em 30 de abril de 2025 às 10h12.
A Suprema Corte de Wisconsin, nos Estados Unidos, suspendeu temporariamente na terça-feira, 29, a juíza Hannah Dugan, do Tribunal Federal de Milwaukee, após a magistrada ser presa pelo FBI sob a acusação de ter ajudado um imigrante a escapar dos agentes do Serviço de Imigração e Controle de Alfândegas dos Estados Unidos (ICE, na sigla em inglês). Dugan, que foi presa na última sexta-feira, agora enfrenta duas acusações federais: ocultação de indivíduo para impedir sua descoberta e prisão, e obstrução ou impedimento de um processo.
A Suprema Corte de Wisconsin, segundo a agência Associated Press, emitiu uma ordem de duas páginas determinando o afastamento da juíza. O texto ressalta que “é de interesse público afastá-la temporariamente de suas funções”.
A prisão da juíza foi anunciada pelo próprio diretor do FBI, Kash Patel — indicado pelo presidente dos EUA, Donald Trump, para o cargo. Segundo Patel, Dugan ordenou que agentes de seu tribunal deixassem que Eduardo Flores Ruiz, um imigrante mexicano, escapasse da prisão. Ruiz foi preso em seguida por agentes do ICE, que o perseguiram a pé.
Horas após sua prisão, a magistrada foi liberada sob fiança depois de comparecer a uma audiência em um tribunal federal. A prisão provocou reações políticas. Membros do Partido Democrata, por exemplo, acusaram o governo Trump de utilizar o caso como forma de intimidar o Judiciário.
A medida representa uma grande escalada na batalha do governo do presidente Donald Trump com as autoridades locais sobre as deportações, depois que a Casa Branca exigiu, sob ameaça de investigação ou processo, que as autoridades locais auxiliem os esforços federais para deportar milhões de imigrantes irregulares.
Em artigo para o jornal britânico Guardian, a colunista Moira Donegan escreveu que "a prisão [da juíza] pareceu planejada para provocar medo entre juízes, burocratas do governo e americanos comuns de que qualquer esforço para retardar, impedir ou simplesmente não facilitar os esforços de sequestro e deportação em massa do governo levará a uma punição rápida, enérgica e desproporcional".
O departamento prendeu a juíza Hannah Dugan sob suspeita de que ela conduziu Eduardo Flores-Ruiz, um cidadão mexicano que estava em seu tribunal para responder a acusações criminais por contravenção, por uma porta lateral em seu tribunal enquanto os agentes federais aguardavam em um corredor público para prendê-lo. De acordo com a denúncia criminal, a juíza confrontou os agentes e ordenou que eles conversassem com o juiz-chefe do tribunal.
“Apesar de ter sido informada do mandado administrativo de prisão de Flores-Ruiz, a juíza Dugan escoltou Flores-Ruiz e seu advogado para fora do tribunal pela ‘porta do júri’, que leva a uma área não pública do tribunal”, dizia a denúncia, escrita por um agente do FBI.
O governo Trump prometeu investigar e processar as autoridades locais que não ajudarem nos esforços federais de fiscalização da imigração irregular, denunciando o que eles chamam de “cidades-santuário” por não fazerem mais para ajudar nas apreensões e deportações federais de milhões de estrangeiros sem documentação adequada.
O caso de Milwaukee envolve um ponto crítico frequente nesse debate, quando agentes de imigração tentam prender imigrantes irregulares que estão comparecendo a um tribunal estadual. As autoridades locais geralmente se irritam com esses esforços, argumentando que eles colocam em risco a segurança pública se as pessoas que estão lidando com questões legais relativamente menores sentirem que não é seguro entrar nos tribunais. (Com The New York Times)