A diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde: ela é alvo de uma investigação por "cumplicidade de falsidade e desvio de fundos públicos" (Fred Dufour/AFP)
Da Redação
Publicado em 28 de maio de 2013 às 10h52.
Paris - Dois protagonistas - um magistrado e um advogado - da polêmica arbitragem do empresário Bernard Tapie, que provocou o interrogatório da diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, estão em prisão preventiva, informaram nesta terça-feira fontes ligadas à investigação.
O magistrado Pierre Estoup, que ficou em prisão preventiva na segunda-feira, é um dos três juízes de um tribunal de arbitragem solicitado em 2007 pelo governo francês para resolver uma velha disputa entre Bernard Tapie e o Crédit Lyonnais pela venda da companhia Adidas.
O tribunal de arbitragem emitiu em 2008 uma decisão favorável a Tapie, pela qual o Estado pagou uma indenização de 403 milhões de euros.
Este tribunal estava integrado por três juristas importantes: Estoup, primeiro presidente de honra do Tribunal de Apelação de Versalhes, um ex-presidente do Conselho Constitucional, Pierre Mazeaud, e o advogado Jean-Denis Bredin.
Os investigadores suspeitam que Estoup manteve no passado relações profissionais com o advogado de Tapie, Maurice Lantourne, o que ocultou no momento da arbitragem.
Lantourne também ficou em prisão preventiva nesta terça-feira, segundo fontes próximas à investigação.
A justiça investiga a legalidade da arbitragem desde setembro de 2012.
Christine Lagarde é alvo de uma investigação por "cumplicidade de falsidade e desvio de fundos públicos" por sua decisão de recorrer à arbitragem privada, e não aos tribunais ordinários.
Até o momento, foi designada testemunha assistida, uma figura jurídica anterior à imputação.
Foram realizadas muitas inspeções nas casas de Bernard Tapie e de Stéphane Richard, ex-diretor do gabinete da então ministra da Economia Christine Lagarde, e dos escritórios de Lantuorne.
A polícia também inspecionou as casas dos três juízes de arbitragem, assim como a residência e os gabinetes de Claude Guéant, ex-braço direito do ex-presidente Nicolas Sarkozy.