A presidente argentina Cristina Kirchner: Bonadio já tinha ordenado o embargo de bens de Cristina (Juan Mabromata/AFP)
Da Redação
Publicado em 7 de julho de 2016 às 16h38.
Buenos Aires - O juiz federal argentino Claudio Bonadio determinou nesta quinta-feira o congelamento das contas bancárias de Cristina Kirchner até que a ex-presidente do país aceite o embargo de 15 milhões de pesos (cerca de US$ 1 milhão) fixado pelo magistrado ontem, dentro caso conhecido como "Dólar Futuro", que investiga irregularidades no Banco Central.
Bonadio já tinha ordenado o embargo de bens de Cristina, uma medida cautelar que afeta todos os imóveis registrados pela ex-presidente, e que impede que eles sejam vendidos ou hipotecados.
Segundo a decisão, divulgada pelo Centro de Informação Judicial (CIJ), as medidas foram tomadas depois que a ex-presidente, que foi ao tribunal ontem para ser notificada da acusação no caso e do embargo, afirmasse "não possuir bens nem dinheiro".
"Uma vez que no momento em que foi intimada sobre o embargo pelo Oficial de Justiça a processada manifestou que não satisfaria o mesmo, e de acordo com as provas reunidas ns autos, determino a revisão dos produtos bancários, financeiros e valores em diferentes bancos e o congelamento dos mesmos", diz a decisão do juiz.
Bonadio pediu aos bancos nos quais a ex-presidente possui contas que "deem andamento imediato à medida disposta, sob risco de advertência do que houver lugar por direito".
O juiz também determinou que o presidente do Banco Central, Federico Sturzenegger, "com o objetivo de que dita medida seja cumprida caso a nomeada possua produtos em outras instituições do sistema financeiro do país".
Além disso, o magistrado ordenou uma operação de busca e apreensão no Banco de Santa Cruz, no sul do país, para averiguar supostas caixas que estariam em cofres da família Kirchner. Porém, a instituição bancária negou a existência delas posteriormente.
O caso "Dólar Futuro" investiga a venda de dólar futuro pelo Banco Central durante o mandato de Cristina, acusada pelo crime de "administração infiel em prejuízo da administração pública". O magistrado entende que a diferença entre o preço firmado e o do mercado de venda dólar futuro gerou perdas milionárias para a instituição bancária.
A investigação teve início em 2015, depois de uma denúncia feita pelos então deputados opositores Mario Negri, da União Cívica Radical, que integra hoje a coalizão governista Mudemos, e Federico Pinedo, atual presidente interino do Senado.
Tanto Cristina como outros ex-membros de seu governo negam as acusações e alegam que as perdas ocorreram devido à desvalorização ordenada pelo governo do novo presidente, Mauricio Macri, que assumiu o cargo em dezembro do ano passado.
Recentemente, a ex-presidente, alvo de várias ações judiciais, afirmou estar convencida que é vítima de uma perseguição política, midiática e judicial.