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Juiz condena 19 agentes de Pinochet por morte de opositores

Na ditadura do Chile, os opositores assassinados eram dirigentes do Partido Comunista que atuavam na clandestinidade

Augusto Pinochet, falecido ditador do Chile: cerca de 3.200 chilenos foram mortos por agentes do seu regime (David Lillo/AFP)

Augusto Pinochet, falecido ditador do Chile: cerca de 3.200 chilenos foram mortos por agentes do seu regime (David Lillo/AFP)

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EFE

Publicado em 29 de julho de 2017 às 15h16.

Santiago - Um juiz especial do Chile condenou 19 ex-agentes da ditadura de Augusto Pinochet pelo desaparecimento de 16 opositores do regime e o homicídio de um outro em 1976, informaram neste sábado (29) fontes oficiais.

Os opositores assassinados eram dirigentes do Partido Comunista que atuavam na clandestinidade e foram presos em uma operação que tinha como objetivo matá-los, segundo o processo conduzido pelo juiz Leopoldo Llanos, da Corte de Apelações de Santiago.

Vários dos presos na operação foram mortos no quartel Simón Bolívar, um local revelado apenas há poucos anos. Nenhum prisioneiro do regime levado até lá deixou a prisão com vida.

Um membro arrependido da Direção de Inteligência Nacional (Dina), a polícia da ditadura de Pinochet, revelou que, no quartel, os presos foram agredidos, torturados com injeções de cianureto. Em alguns casos foi usado até gás sarín.

Os corpos eram jogados em sacos com barras de metal e levados a campos militares. De lá, eram colocados em helicópteros e jogados no mar. Outros cadáveres foram escondidos em terrenos do próprio Exército e em minas abandonadas.

Em março de 1990, em um terreno do Exército perto de Santiago, que tinha sido vendido anos antes, uma construtora encontrou três corpos, um deles de Eduardo Canteros Prado, uma das vítimas do caso.

Vários dos condenados hoje já estão presos por terem também sido considerados culpados em outros casos de violação de direitos humanos.

Um deles é o brigadeiro Pedro Espinoza, ex-subdiretor da Dina, que soma uma pena de mais de 500 anos de prisão. Desta vez, ele foi condenado a 20 anos de reclusão pelos 16 desaparecimentos e a mais 20 anos pelo homicídio qualificado de Eduardo Canteros.

Na parte civil, o juiz aceitou as demandas apresentadas pelos familiares das vítimas e condenou o governo do Chile a pagar 2,42 bilhões de pesos (cerca de R$ 11,7 milhões) em indenizações.

Durante a ditadura de Pinochet (1973-1990), cerca de 3.200 chilenos foram mortos por agentes do regime. Do total, 1.192 são considerados como presos desaparecidos. Além disso, 33 mil pessoas foram detidas e torturadas por motivos políticos.

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