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Jornalistas presos no Burundi são libertados sem acusação

O diplomata acrescentou que as autoridades não devolveram o material profissional da dupla


	Jornalistas: "Phil Moore e Jean-Philippe Rémy foram presos quando exerciam sua missão de informar"
 (AFP)

Jornalistas: "Phil Moore e Jean-Philippe Rémy foram presos quando exerciam sua missão de informar" (AFP)

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Da Redação

Publicado em 29 de janeiro de 2016 às 13h44.

Dois jornalistas, o francês Jean-Philippe Rémy e o britânico Phil Moore, detidos nesta quinta-feira no Burundi durante uma operação policial contra "criminosos armados", foram libertados nesta sexta-feira sem acusações, anunciou a embaixada francesa em Bujumbura.

"Foram colocados em liberdade. Não há acusações contra eles", anunciou à AFP o embaixador da França em Bujumbura, Gerrit Van Rossum.

O diplomata acrescentou que as autoridades não devolveram o material profissional da dupla.

Mais cedo, a França, a Agence France-Presse, o jornal Le Monde e a organização Repórteres Sem Fronteiras exigiram que as autoridades do Burundi libertassem os jornalistas.

"Recebemos com preocupação a notícia da prisão" dos dois jornalistas. "Exorto as autoridades do Burundi a proceder com sua libertação imediata. Iniciativas diplomáticas estão em curso", declarou em um breve comunicado o chefe da diplomacia francesa, Laurent Fabius.

O jornal Le Monde também exigiu a libertação de seus dois enviados especiais para o Burundi, Jean-Philippe Rémy, de 49 anos, e Philip Edward Moore, um fotógrafo de 34 anos.

"De acordo com nossas informações, eles foram presos em Bujumbura, na tarde de quinta-feira pelos serviços de segurança do Burundi quando se encontravam com opositores", noticiou o Le Monde em seu site.

"Phil Moore e Jean-Philippe Rémy foram presos quando exerciam sua missão de informar", declarou o CEO da AFP, Emmanuel Hoog.

"Eles devem ser libertados o quanto antes. Este novo incidente grave, após o vivenciado pelo nosso correspondente Esdras Ndikumana, testemunha a extrema dificuldade de informar sobre a situação no Burundi", acrescentou.

Os jornalista foram detidos na quinta-feira em Bujumbura, capital do Burundi, "na companhia de 15 criminosos armados", anunciaram as autoridades do país africano.

"Na quinta-feira, a polícia recebeu informações sobre uma reunião de criminosos em uma casa de Nyakabiga, bairro no centro da capital", disse o porta-voz oficial.

"Ao chegar ao local, o grupo fugiu. A polícia os perseguiu e deteve cinco: quatro burundineses armados com duas pistolas e um britânico".

"A polícia ficou surpresa ao ver um jornalista, autorizado a trabalhar no Burundi e que, portanto, não tinha nada a temer, correr e fugir", completou, em referência a Moore.

Rémy foi detido pouco depois, quando compareceu à delegacia para obter notícias do colega.

"Estão sendo interrogados. No momento não foram indiciados, continuamos na etapa dos interrogatórios. Se não encontrarmos nada contra eles, serão liberados", disse, antes de garantir que ambos estão sendo bem tratados.

Os jornalistas estão detidos em um local secreto.

Durante a operação, a polícia apreendeu um morteiro, um fuzil kalashnikov e pistolas, segundo um comunicado oficial.

O Burundi enfrenta um cenário de violência desde a repressão brutal em abril de 2015 das manifestações contra um terceiro mandato do presidente Pierre Nkurunziza, reeleito em julho, em uma votação boicotada pela oposição.

Desde então, as manifestações, um golpe de Estado frustrado e uma rebelião armada deixaram mais de 400 mortos e obrigaram 230.000 pessoas a fugir para o exílio, segundo a ONU. Analistas temem a propagação da violência aos países vizinhos e um novo massacre étnico entre hutus e tutsis.

Vários meios de comunicação independentes fecharam e os jornalistas vítimas de ameaças ou ataques que não fugiram do país vivem na clandestinidade.

O correspondente da AFP e da rádio RFI no Burundi, Esdras Ndikumana, de 54 anos, se viu obrigado a obter refúgio no Quênia em agosto, depois de ter sido detido em Bujumbura e torturado pelo serviço de inteligência.

Jean-Philippe Rémy trabalha na África desde 1998, primeiro com Nairóbi como base e depois em Johannesburgo, a partir de 2009. Recebeu em 2013 o prestigioso Prêmio Bayeux para correspondentes de guerra por uma reportagem sobre a Síria.

Phil Moore já fez diversas reportagens em todo o continente africano, mas também no Paquistão e na Bolívia.

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