Mundo

Jornalista russo leiloa medalha do Nobel da Paz para doar a crianças ucranianas

O jornalista Dmitry Muratov foi vencedor do Nobel da Paz em 2021 por seu trabalho como editor-chefe do Novaya Gazeta, considerado o principal jornal de oposição na Rússia

Muratov (à dir.): jornalista venceu o Nobel da Paz em 2021 (STIAN LYSBERG SOLUM/Getty Images)

Muratov (à dir.): jornalista venceu o Nobel da Paz em 2021 (STIAN LYSBERG SOLUM/Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 20 de junho de 2022 às 10h57.

Um dos ganhadores de 2021 do Prêmio Nobel da Paz, o jornalista russo Dmitry Muratov, vai leiloar nesta segunda-feira, 20, sua medalha da premiação. O dinheiro será doado para a Unicef, braço da Organização das Nações Unidas (ONU) para a infância, com o objetivo de ajudar no esforço destinado a crianças ucranianas afetadas pela guerra.

Muratov já havia anunciado que doaria também o prêmio de US$ 500 mil recebido no Nobel.

Esteja sempre informado sobre as notícias que movem o mercado. Assine a EXAME por menos de R$ 11/mês.

Em entrevista à agência norte-americana Associated Press, Muratov se disse especialmente preocupado com crianças órfãs e refugiadas devido à guerra. "Queremos devolver o futuro delas", disse.

VEJA TAMBÉM: Obama, Malala, União Europeia: veja os últimos vencedores do Nobel da Paz

O jornalista é editor-chefe do Novaya Gazeta, considerado o principal jornal de oposição na Rússia. Muratov foi altamente crítico da anexação russa da Crimeia, em 2014, um dos episódios que desencadearam o conflito de hoje, e também tem sido crítico à invasão russa desde fevereiro.

O presidente russo, Vladimir Putin, tem sido acusado de nos últimos anos intensificar a perseguição a veículos jornalísticos e partidos de oposição.

Por seu trabalho à frente do Novaya Gazeta, Muratov foi escolhido como vencedor do Nobel da Paz do ano passado, ao lado de Maria Ressa, das Filipinas, uma das jornalistas que reporta a "guerra às drogas" do presidente Rodrigo Duterte no país. O comitê do Nobel afirmou na ocasião que o prêmio à dupla representava o risco que corriam jornalistas globalmente e a defesa da liberdade de expressão.

VEJA TAMBÉM: OPINIÃO | Oposição sempre favorita: a vitória de Petro e o novo normal na América Latina

A medalha do Nobel será leiloada na noite de hoje nos EUA, pela empresa Heritage Auctions. A companhia responsável afirma que não está cobrando taxas pela transação devido à causa.

A guerra na Ucrânia começou oficialmente em 24 de fevereiro, e já supera três meses sem negociações de paz efetivas no horizonte. A Acnur, braço de refugiados da ONU, estima que o número de pessoas que cruzaram a fronteira do país supera 7,7 milhões, e 5,1 milhões foram identificados como refugiados na Europa.

Tem havido, ao mesmo tempo, um pequeno movimento de ucranianos voltando ao país: a ONU calcula 2 milhões de pessoas que entraram na Ucrânia desde o começo da guerra, mas afirma que não é possível afirmar que todos retornaram permanentemente.

Uma vez que homens entre 18 e 60 anos não podem deixar a Ucrânia para se juntar ao esforço de guerra, a maior parte dos refugiados é composta por mulheres e crianças.

Acompanhe tudo sobre:JornalistasNobelPrêmio NobelRússiaUcrânia

Mais de Mundo

Manifestação reúne milhares em Valencia contra gestão de inundações

Biden receberá Trump na Casa Branca para iniciar transição histórica

Incêndio devastador ameaça mais de 11 mil construções na Califórnia

Justiça dos EUA acusa Irã de conspirar assassinato de Trump; Teerã rebate: 'totalmente infundado'