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Jornal turco divulga supostas últimas palavras de Jamal Khashoggi

"Não me deixem com a boca fechada. Tenho asma. Não faça isso, me asfixiará", foram as últimas palavras registradas do jornalista Khashoggi

Jamal Khashoggi: Jornalista desapareceu no início de outubro na embaixada saudita na Turquia (Osman Orsal/Reuters)

Jamal Khashoggi: Jornalista desapareceu no início de outubro na embaixada saudita na Turquia (Osman Orsal/Reuters)

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EFE

Publicado em 10 de setembro de 2019 às 11h00.

Istambul - O jornal turco "Daily Sabah" publicou nesta terça-feira a transcrição de um suposto áudio do assassinato jornalista saudita Jamal Khashoggi, que aconteceu em outubro do ano passado, dentro do consulado da Arábia Saudita em Istambul.

A gravação foi obtida, de acordo com o veículo ligado ao governo da Turquia, pelos serviços de inteligência do país e começa com uma conversa entre duas pessoas, minutos antes da entrada do colaborador do jornal americano "The Washington Post" entrar no prédio.

O oficial da inteligência saudita Maher Abdulaziz Mutreb pergunta se "havia chegado o animal que seria sacrificado". Além disso, o integrante do alto escalação do serviço secreto questiona se a melhor opção seria colocar o corpo de Khashoggi em uma bolsa.

O médico forense Mohammed Abdah Tubaigy responde que o jornalista é alto demais e pesado e, em seguida, recomenda que o corpo seja esquartejado, para retirá-lo do local em várias bolsas.

"Sempre trabalhei com cadáveres, sei cortar muito bem. Apesar de nunca ter trabalhado com um corpo ainda quente, também o farei facilmente. Normalmente, coloco fones de ouvido e escuto música, enquanto esquartejo corpos. Quando posso, bebo um café e fumo um cigarro", contou Tubaigy, segundo a transcrição publicada hoje.

Os dois sauditas estão entre os cinco acusados por ordenar e cometer o assassinato, por isso, podem ser condenados à pena de morte. Outros 21 suspeitos estão sendo julgados na Arábia Saudita.

O áudio segue com a entrada de Khashoggi no consulado, onde Mutreb diz que há uma ordem da Interpol solicitada pelo governo saudita, que o obriga a voltar ao país de origem. O jornalista nega a informação, garantindo não existir ordem de extradição contra ele e diz que a noiva o espera na rua.

Os dois homens pedem para que ele deixe uma mensagem para o filho, dizendo que está bem, para caso seja procurado, algo que Khashoggi rejeita fazer. Em seguida, o jornalista vê uma toalha e pergunta se irá ser drogado, e ouve a resposta que será feito que ele durma.

"Não me deixem com a boca fechada. Tenho asma. Não faça isso, me asfixiará", foram as últimas palavras registradas de Khashoggi.

Em seguida, os dois funcionários do governo saudita falam sobre as reações do jornalista, supostamente, ao fato de ter sido sufocado por meio de uma sacola plástica.

"Siga apertando. Aperte bem", diz um dos homens na sala.

Depois de um tempo, é possível ouvir o som de uma serra de autópsia durante cerca de meia hora, tempo em que, supostamente, o médico forente corta o corpo do jornalista.

A relatora da ONU para execuções extrajudiciais, sumárias ou arbitrárias, Agnes Callamard, acusou em relatório, publicado em junho, que o governo da Arábia Saudita deve ser visto como responsável pelo assassinato e aponta para evidências do envolvimento do príncipe herdeito Mohammed bin Salman no caso.

Posteriormente ao que foi tratado inicialmente como desaparecimento do jornalista, Riad negou qualquer relação com crime, mas dias depois, quando surgiram provas da morte, houve admissão de que Khashoggi havia sido vítima de um acidente.

Posteriormente, o governo saudita admitiu que o assassinato foi premeditado, no entanto, negou qualquer vínculo dos autores com membros da família real. EFE

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