Mundo

Jornal The Sun responde a Cristina Kirchner sobre Malvinas

O jornal de maior tiragem do Reino Unido publicou um aviso advertindo a Argentina para que não toque no arquipélago do Atlântico Sul


	Cristina Kirchner: a presidente publicou na quinta-feira uma carta aberta na imprensa britânica na qual solicitava ao primeiro-ministro britânico a devolução das ilhas
 (Juan Mabromata/AFP)

Cristina Kirchner: a presidente publicou na quinta-feira uma carta aberta na imprensa britânica na qual solicitava ao primeiro-ministro britânico a devolução das ilhas (Juan Mabromata/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 4 de janeiro de 2013 às 12h12.

Londres - O jornal de maior tiragem do Reino Unido, o sensacionalista The Sun, respondeu nesta sexta-feira ao novo pedido da presidente argentina Cristina Kirchner para que as disputadas ilhas Malvinas sejam devolvidas a Buenos Aires.

O jornal publicou um aviso em espanhol e em inglês advertindo a Argentina para que não toque no arquipélago do Atlântico Sul que os britânicos chamam de Falklands.

"A soberania britânica sobre as Falkland Islands data de 1765 - antes que a República Argentina sequer existisse. As ilhas nunca foram governadas nem faziam parte do território soberano da República Argentina", afirma o Sun em seu texto, no qual considera "infundada" a afirmação de que o país sul-americano foi "despojado" do arquipélago há 180 anos.

O jornal defende a posição oficial do governo britânico sobre o direito à autodeterminação dos habitantes das ilhas, que até agora optaram por permanecer ligados ao Reino Unido como território britânico de ultramar.

"Até que o próprio povo das Falkland Islands decida ser argentino, continuará sendo decididamente britânico", enfatizou o jornal.

Cristina Kirchner publicou na quinta-feira uma carta aberta na imprensa britânica na qual solicitava ao primeiro-ministro David Cameron a devolução das disputadas Ilhas Malvinas e acusava o Reino Unido de "colonialismo".

O governo britânico, em resposta, enfatizou mais uma vez que os habitantes das ilhas "são britânicos por escolha".


Na carta, publicada como anúncio publicitário nos jornais The Guardian e Independent, Kirchner afirma que a Argentina foi "despojada pela força" do arquipélago do Atlântico Sul situado a 14.000 km de Londres "há 180 anos em um exercício descarado de colonialismo do século XIX".

"Desde então, a Grã-Bretanha, a potência colonial, se nega a devolver os territórios à República Argentina, impedindo deste modo o restabelecimento de sua integridade territorial", escreveu no texto destinado ao primeiro-ministro conservador britânico, com cópia para o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.

Kirchner recorda que a ONU decretou em 1960 a necessidade de "acabar com o colonialismo em todas as suas formas e manifestações", além de destacar que a Assembleia Geral da organização aprovou em 1965 uma "resolução na qual considerava as ilhas como um caso de colonialismo e convidava Grã-Bretanha e Argentina a negociar uma solução para a disputa de soberania", seguida por "muitas outras resoluções com este efeito".

"Em nome do povo argentino, reitero nosso convite a que acatemos as resoluções das Nações Unidas", concluiu.

Um porta-voz do chefe de Governo conservador reafirmou à imprensa que os moradores das ilhas "têm um desejo claro de continuar sendo britânicos" e poderão demonstrar no referendo previsto para o início de março.


"O governo argentino deve respeitar seu direito à autodeterminação", afirmou o porta-voz, destacando que Cameron "fará tudo para proteger os interesses" dos moradores da ilha.

As autoridades das ilhas, que têm atualmente o status de território britânico de ultramar, também rejeitaram as demandas de Kirchner.

Os quase 3.000 habitantes das Malvinas, em sua maioria britânicos, votarão em um referendo nos dias 10 e 11 de março para decidir se desejam continuar como território ultramar britânico ou mudar de status.

O governo de Buenos Aires emite tradicionalmente uma mensagem de reivindicação de soberania sobre as Malvinas a cada 3 de janeiro, dia do aniversário do desembarque das tropas britânicas no arquipélago em 1833.

A disputa entre os dois países provocou uma guerra de 74 dias que terminou com 649 argentinos e 255 britânicos mortos em 1982. Desde então, a Argentina concentra as reinvidicações pela via diplomática.

O 30º aniversário do conflito, em 2012, foi marcado por uma escalada verbal entre Argentina e Grã-Bretanha, além de denúncias argentinas sobre uma "militarização" britânica da região e sobre a exploração de possíveis recursos petroleiros na região.

Acompanhe tudo sobre:América LatinaArgentinaEuropaMalvinasPaíses ricosReino Unido

Mais de Mundo

Diplomatas de 24 países faziam parte de delegação alvejada em Jenin por forças israelenses

Suprema Corte de Israel diz que demissão de chefe de serviço de segurança foi ilegal

Mais de 48 mil isolados e 300 retirados de áreas afetadas por inundações na Austrália

Governo da Argentina decreta desregulamentação do transporte marítimo e fluvial