Boris Johnson: "Se o acordo morrer nos próximos dias, não o reviveremos", disse fonte próxima ao primeiro-ministro (Toby Melville/Reuters)
AFP
Publicado em 8 de outubro de 2019 às 10h42.
O primeiro-ministro britânico Boris Johnson considera que suas negociações com a União Europeia vão fracassar e ele terá que "fazer todo tipo de coisa" para impedir outro adiamento do Brexit, de acordo com uma fonte do governo citada pela revista The Spectator.
"Se o acordo morrer nos próximos dias, não o reviveremos", disse esta fonte próxima a Johnson, que reiterou que ele retirará o Reino Unido da UE em 31 de outubro, sem pedir um terceiro adiamento.
Há semanas crescem as especulações sobre a intenção do primeiro-ministro de encontrar uma brecha na lei aprovada pelo Parlamento britânico em setembro para forçá-lo a solicitar um novo adiamento, na ausência de um acordo em 19 de outubro, logo após a cúpula europeia.
Se for forçado a um novo adiamento, Johnson deve optar por fazer campanha por um Brexit caótico sem acordo nas próximas eleições legislativas antecipadas, segundo afirmou a mesma fonte à revista conservadora.
"Teremos que lutar nas eleições com base em 'não mais demora, que o Brexit seja feito imediatamente'" para evitar a perda de assentos a favor do Partido do Brexit de Nigel Farage, disse a fonte.
Um porta-voz de Downing Street não quis negar ou confirmar as informações, o que levantou suspeitas de que se trata de um vazamento intencional para deixar claro aos outros 27 países europeus a determinação do governo britânico.
Segundo a ex-ministra do Trabalho Amber Rudd, que renunciou ao governo de Johnson em setembro, a fonte parece ser Dominic Cummings, consultor especial do primeiro-ministro e arquiteto da vitória do Brexit no referendo de 2016.
"Peço ao primeiro-ministro que assuma o controle e nos dê alguma clareza, dignidade e diplomacia sobre o que está acontecendo", disse Rudd à rádio BBC.