John Kerry cumprimenta eleitores em Dover, New Hampshire, durante a campanha à presidência (AFP/Michael Springer)
Da Redação
Publicado em 21 de dezembro de 2012 às 19h47.
Washington - Poucos dirigentes americanos estiveram no palácio de Bashar al-Assad, na Síria, e na Faixa de Gaza. John Kerry, sucessor designado de Hillary Clinton como chefe da diplomacia americana, é um deles, e acumulou no Senado uma sólida experiência internacional.
Desde a sua nomeação à frente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, no fim de 2008, Kerry já esteve em Afeganistão, Paquistão, Egito, Israel, Faixa de Gaza, Síria, Jordânia, Darfur e Pequim, entre outros lugares.
Eleito senador por Massachusetts em 1984, tornou-se conhecido para a maioria dos americanos como candidato à presidência pelo Partido Democrata nas eleições de 2004. Frente ao presidente George W. Bush, denunciou as informações equivocadas que levaram à guerra no Iraque, e fez da recuperação do prestígio americano uma prioridade de sua campanha eleitoral. Bush, que venceu, lembrou Kerry de que ele havia votado a favor da declaração de guerra, como a maioria de seus colegas democratas.
No Senado, Kerry é amigo de vários políticos republicanos, entre eles John McCain, maior crítico de quem deveria, inicialmente, substituir Hillary, a embaixadora americana na ONU, Susan Rice.
Desde setembro, McCain e os republicanos em geral ergueram uma barreira contra a nomeação de Susan, que acusaram de enganar os americanos em relação a seus relatórios sobre o ataque ao consulado dos Estados Unidos em Benghazi, Líbia. Não foram poucos os republicanos que sugeriram ser Kerry uma opção preferível a Rice.
"Senhor secretário de Estado", disse McCain, ao se referir a Kerry em uma entrevista coletiva conjunta sobre outro tema. "Senhor presidente", respondeu o democrata, sem sorrir. McCain também perdeu uma eleição presidencial, em 2008.
"Eis o que acontece quando dois perdedores se juntam", acrescentou Kerry, desta vez rindo.
Nascido em Denver, Colorado, no dia 11 de dezembro de 1943, Kerry é filho de um piloto da Segunda Guerra Mundial e diplomata. Conta que se aventurou a entrar de bicicleta em Berlim Oriental, quando seu pai ocupava um posto na Alemanha.
Após estudar na Universidade de Yale, alistou-se no Exército e combateu no Vietnã, antes de denunciar publicamente a guerra, ao retornar, em 1971.
No Senado, defendeu, sem sucesso, um projeto de lei sobre a redução das emissões de gases causadores do efeito estufa, tema com o qual é comprometido.
Após a eleição de Barack Obama, foi designado enviado para temas diplomáticos no Oriente Médio e na Ásia Central. Uma de suas missões mais importantes foi quando o presidente o enviou, em maio de 2011, a Islamabad, para acalmar os aliados paquistaneses, que não haviam sido informados por Washington sobre a operação em seu território contra o líder da Al-Qaeda, Osama bin Laden.
Em fevereiro de 2009, Kerry foi um dos três políticos americanos que visitaram a Faixa de Gaza, controlada pelo Hamas, que Washington considera um grupo terrorista.
Em 2010, reuniu-se diversas vezes com o presidente sírio, antes do início da rebelião e posterior guerra civil naquele país, que já deixou mais de 44 mil mortos.
Kerry também conhece a Europa, principalmente a França, onde seus pais passaram muitos verões. O senador domina a língua francesa.
Um de seus primos é Brice Lalonde, ambientalista francês que liderou a Conferência de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas(Rio+20).
Kerry deve obter uma maioria especial dos votos de seus colegas no Senado para assumir o cargo. A votação acontecerá após a posse de Obama, em 21 de janeiro. Segundo os senadores republicanos, ele passará na votação.
Em 1970, Kerry casou-se com Julia Thorne, com quem teve duas filhas. O casal se divorciou em 1988. Em 1995, uniu-se a Teresa, herdeira do grupo agroalimentar Heinz.