Jim Wood, apoiador de Donald Trump, em sua casa na cidade americana de Merrimack, em New Hampshire (AFP/AFP)
AFP
Publicado em 3 de janeiro de 2022 às 15h50.
Última atualização em 3 de janeiro de 2022 às 19h26.
Não importa o que ele faça, Jim Wood não considera Joe Biden seu presidente. “Não acho que ele tenha sido eleito”, disse este ex-militar, que se manifestou no Capitólio há um ano e agora está organizando a resistência.
"Quando vi os resultados das eleições, disse a mim mesmo que algo estava errado", disse à AFP o americano de 62 anos de sua casa em New Hampshire, cercada por carvalhos, bétulas e casas com bandeiras que diziam "TRUMP".
Segundo ele, são muitas as evidências de que a eleição presidencial de 2020 foi roubada de Donald Trump. Ele menciona máquinas defeituosas que não contaram cédulas, votos por correspondência fraudulentos, eleitores "fantasmas"...
"São tantas!", insiste, mas "os grandes meios de comunicação as silenciam".
Esse ex-mecânico da Força Aérea, que durante anos consertou os famosos bombardeiros B-52 dos Estados Unidos, parou de assistir televisão, exceto as previsões do tempo, "e nem nelas acredito mais".
Quando Trump chamou seus apoiadores para se reunirem na capital dos EUA em 6 de janeiro de 2021, o dia em que os congressistas deveriam certificar a vitória de Biden, Jim Wood disse que estava presente e partiu para Washington.
No meio da maré humana, este homem com o olhar penetrante sentiu-se "finalmente" compreendido.
O caos tomou conta do Capitólio. Jim garante que não entrou no templo da democracia americana e denuncia os atos de violência cometidos dentro dele. “Mas quando cheguei em casa, prometi a mim mesmo que me envolveria mais”, disse ele.
Meses depois, o homem de 60 anos descobriu um grupo no Facebook que promete "proteger" as eleições em seu estado e esclarecer a suposta "fraude" de 2020.
Com a ajuda de um aplicativo móvel, ativistas do "New Hampshire Voter Integrity Group" contatam os habitantes deste estado fronteiriço com o Canadá em busca de evidências da fraude eleitoral da qual estão profundamente convencidos.
Jim Wood, que se descreve como "um mero soldado" neste grupo que afirma ter 5.200 membros, ficou encantado com a ideia.
Um movimento surpreendente, dado que as autoridades negaram todas as alegações de fraude nas eleições de 2020. Ainda assim, o grupo tem apoio em um país onde as pesquisas mostram que bem mais da metade dos eleitores republicanos ainda pensa que a vitória de Trump nas eleições presidenciais foi roubada.
Cientes dessas estatísticas, esses ativistas, desde então, embarcaram em uma luta muito mais ambiciosa: influenciar todas as eleições, de qualquer tipo. Ou seja, desde os conselhos escolares às câmaras municipais até as eleições legislativas e para o Senado.
O caso é substituir gradativamente todos aqueles que “não honram” a Constituição dos Estados Unidos, com, é claro, as eleições de meio de mandato, em novembro de 2022.
"Trata-se de começar nos degraus mais baixos", descreve Jim Wood, "e ir subindo a partir daí."
Campanhas de arrecadação de fundos foram organizadas para vários candidatos. "Estamos presentes em todo o país", disse a presidente do "New Hampshire Voter Integrity Group", Marylyn Todd, uma contadora que afirma buscar a "verdade".
Houve iniciativas semelhantes em Utah, Pensilvânia, Nebraska, Michigan... e elas têm o apoio do principal interessado, Donald Trump.
Jim Wood está orgulhoso que seus concidadãos tenham se mobilizado depois de 6 de janeiro. Ele admitiu à AFP em Washington que estava disposto a se "sacrificar" para proteger seus direitos.
E agora? "Eu farei o que eu tiver de fazer."