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Jihadistas acumulam pilhagens espetaculares no Iraque

O avanço de jihadistas do EIIL se consolida não só com suas conquistas territoriais, mas também com sua capacidade excepcional de arrecadar dinheiro


	Militantes do EIIL: EIIL tem reservas de dar inveja a qualquer grupo insurgente
 (AFP)

Militantes do EIIL: EIIL tem reservas de dar inveja a qualquer grupo insurgente (AFP)

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Da Redação

Publicado em 23 de junho de 2014 às 13h10.

Bagdá - O surpreendente avanço dos jihadistas do Estado Islâmico no Iraque e no Levante (EIIL) não se consolida apenas através de suas conquistas territoriais, mas também com sua capacidade excepcional de arrecadar dinheiro.

Graças a uma estratégia de extorsões, resgates de sequestros e outras atividades criminosas, às quais se somam as doações de ricos patrocinadores do Golfo, o grupo conta com reservas econômicas que provocam a inveja de qualquer grupo insurgente no mundo.

A recente conquista de Mossul, a segunda maior cidade do Iraque, apenas reforçou estas sólidas finanças.

"Foi um dia muito frutífero", declarou Toby Dodge, responsável pelo departamento para Oriente Médio da London School of Economics, em relação ao importante saque que envolveu a captura de Mossul.

Desde 9 de junho, os jihadistas do EIIL não apenas conquistaram a maior parte da província de Nínive, da qual Mossul é a capital, mas partes de Kirkuk, Saladino e Diyala, e recentemente ampliaram suas posses na província ocidental de Al-Anbar.

Além de tomar as armas e os veículos abandonados pelos soldados iraquianos que fugiram diante da chegada dos rebeldes, estima-se que nos cofres dos bancos de Mossul havia cerca de 400 milhões de dólares em dinheiro, explicou à AFP o funcionário provincial do conselho de Nínive, Bashar Kiki.

Habilidade única

Em um documento de 16 pontos divulgado pelo EIIL às vésperas de sua tomada, os jihadistas anunciaram que todo o dinheiro nas mãos do "governo Safavid", uma referência pejorativa ao executivo do primeiro-ministro iraquiano Nuri al-Maliki, seria apreendido para "satisfazer aos interesses dos muçulmanos".

O EIIL já havia conquistado uma importante reserva financeira em Mossul antes de conquistar a cidade.

Segundo várias fontes, o EIIL arrecadava até 12 milhões de dólares mensais com extorsões, resgates e corrupção em Mossul, uma cidade com 2 milhões de habitantes antes de ser conquistada.


Graças ao êxito obtido na vizinha Síria, onde também opera, já havia se apropriado de dinheiro pela venda de petróleo no mercado negro.

"O EIIL tem uma longa história de conseguir dinheiro com negócios criminosos", afirmou Matthew Levitt, um ex-funcionário da inteligência do departamento do Tesouro americano, o braço do governo americano encarregado de cortar os fundos dos grupos insurgentes.

Sua capacidade para arrecadar fundos diretamente, sem ter que depender totalmente dos ricos doadores privados do Golfo, gera problemas para os responsáveis por bloquear o financiamento do EIIL.

Os governos contam com algumas ferramentas para restringir a possibilidade de que os militantes arrecadem dinheiro e frear as transações transfronteiriças.

Viabilidade em longo prazo

O departamento do Tesouro adverte há tempos que, embora os canais tradicionais para arrecadar fundos pelos grupos rebeldes continuem sendo essenciais, cada vez mais grupos arrecadam fundos nas áreas onde operam e os mantêm nas mesmas.

"Muitos destes grupos geram capital localmente, frequentemente em áreas sujeitas a pouco ou nulo controle governamental", lembrou o vice-secretário do Tesouro para terrorismo e inteligência financeira David Cohen em abril.

"Sem a necessidade de movimentar dinheiro, os terroristas podem evitar os controles internacionais e, desta forma, limitar a capacidade dos governos de rastrear e impedir o movimento de capitais", explicou.

No caso do EIIL, sua riqueza lhe permite comprar armas, munições e veículos, o que só reforça sua capacidade armada.

Em Mossul, o grupo também pode gerar receitas através de impostos legítimos, vendas de imóveis e outras vias, consolidando sua viabilidade no longo prazo.

"O EIIL já era uma rica organização antes de capturar Mossul", afirma Charles Lister, professor visitante do Brookings Doha Center.

"Mas com as grandes receitas em material adquiridas recentemente, ecom o controle territorial em várias zonas do país, o grupo garantiu sua viabilidade financeira no longo prazo", ressalta.

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