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Jesuíta sequestrado por ditadura está "em paz" com papa

O papa Francisco é acusado de colaborar com o sequestro de dois jesuítas por membros da ditadura argentina


	Jorge Mario Bergoglio: o próprio Bergoglio contestou as acusações em 2010
 (GettyImages)

Jorge Mario Bergoglio: o próprio Bergoglio contestou as acusações em 2010 (GettyImages)

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Da Redação

Publicado em 15 de março de 2013 às 10h21.

Berlim - O jesuíta Franz Jalics, um dos padres sequestrados pela ditadura argentina quando Jorge Mario Bergoglio era arcebispo da província de Buenos Aires, vive na Alemanha e está "em paz" com o papa Francisco, segundo fontes da ordem.

O sacerdote, que mora desde 1978 na Alemanha e atualmente na pequena cidade bávara de Wilhelmsthal, com Kronach, viajou há alguns anos a Buenos Aires, a convite do arcebispado da capital argentina, e "abordou a questão", afirmaram fontes dessa ordem em Munique à edição digital do jornal "Der Spiegel".

"Está em paz com Bergoglio", acrescenta o porta-voz jesuíta, Thomas Busch, sem especificar o conteúdo da conversa.

Jalics foi sequestrado em 1976, junto com o também jesuíta Orlando Yorio, quando ambos atuavam em uma favela portenha na época da ditadura argentina (1976-1983).

A polêmica da suposta colaboração do papa Francisco com a junta militar, concretamente nesse caso, foi abordada alguns anos atrás pelo jornalista argentino Horacio Verbistky e agora ressurgiu após a eleição do pontífice.

O próprio Bergoglio contestou as acusações em 2010, no livro "El Jesuita" e refutou a colaboração.

O ativista de direitos humanos e Prêmio Nobel da Paz argentino Adolfo Pérez Esquivel, rejeitou esses dias taxativamente tais acusações na rede britânica "BBC", onde disse que "houve bispos que foram cúmplices da ditadura argentina, mas Bergoglio não".

O novo papa "é questionado porque dizem que não fez o necessário para tirar da prisão dois sacerdotes. Sei pessoalmente que muitos bispos pediam à junta militar a libertação de prisioneiros e sacerdotes e não se lhes concedia", lembrou Pérez Esquivel.


Os dois jesuítas foram libertados após cinco meses de torturas. Yorio morreu em 2000 no Uruguai e Jalics se refugiou na meditação e a reza para aguentar a experiência sofrida.

O sacerdote, de origem húngara, foi viver à Alemanha em 1978 e aí escreveu um livro sobre sua retirada espiritual, situação na qual segue.

O próprio Jalics retirou fazer declarações sobre esse capítulo e o único pronunciamento foi através do porta-voz da ordem jesuíta de seu distrito a "Der Spiegel", assim como a veículos de imprensa bávaros.

O sacerdote tem atualmente 85 anos e continua se dedicando aos exercícios espirituais contemplativos, conta a rádio pública bávara "Bayerische Rundfunk" (BR).

Jalics está agora de viagem na Hungria, para onde partiu "recentemente", aparentemente para uma estadia de vários meses largamente planejada, indicaram as fontes jesuítas à emissora pública bávara.

O porta-voz da ordem deixou claro, ainda, que Jalics não se "escondeu" para evitar o frenesi da mídia, que sua viagem não tem nada a ver com a eleição do papa e que se espera retorne à Alemanha em 10 de maio.

De acordo com esse porta-voz, Jalics não tem intenção de fazer declaração alguma sobre Bergoglio. 

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