A decisão foi reprovada por integrantes do partido pacifista Meretz, segundo qual, um novo assentamento "supõe mais um cravo no caixão do processo de paz" (Abbas Momani/AFP)
Da Redação
Publicado em 3 de abril de 2012 às 10h21.
Jerusalém - O prefeito de Jerusalém, Nir Barkat, apoiará a construção de uma nova colônia judaica, que será erguida entre os bairros palestinos de Abu Dis e Jabal Mukaber, no leste da cidade, e deverá contar com mais de 200 casas, informou nesta terça-feira a imprensa local.
A decisão de Barkat, confirmada ontem, acabou sendo reprovada por integrantes do partido pacifista Meretz, que, por sua vez, deverá se retirar da coalizão governista. Segundo a legenda, um novo assentamento "supõe mais um cravo no caixão do processo de paz".
"Barkat confirmou a construção deste novo assentamento, o que vai gerar uma mudança estratégica substancial na parte Oriental de Jerusalém. O projeto deve cortar a continuidade territorial entre a parte norte e sul, um fato que enterrará de forma irreversível tudo que sobrou do processo de paz", afirmou à Agencia Efe o vereador Meir Margalit, do Meretz.
A aprovação desta nova colônia já figura na agenda do próximo encontro do comitê local de planejamento urbano da Prefeitura, que, segundo Margalit, será realizado no dia três de maio.
Segundo o jornal "Ha"aretz", o novo assentamento receberia o nome de Kidmat Zion e seria construído sobre a propriedade do milionário americano Irving Moskowitz, que habitualmente financia as colônias israelenses.
"Para os palestinos será uma bofetada. Se o assentamento for construído, será impossível dividir Jerusalém em algum momento futuro", adverte Margalit.
Consultado pela Agência Efe, Barak Cohen, um porta-voz de Barkat, evitou falar sobre a confirmação do projeto e assegurou "não dispor de informação", apesar de ter argumentado que "o prefeito apoia o direito de todos os residentes de Jerusalém construir suas casas sempre que seja de forma legal".
"Não se pode pedir a religião para conceder uma permissão de construção, é anticonstitucional. Os árabes podem comprar e construir em Jerusalém, assim como os judeus", assinalou Cohen, que também considera a cidade como a "capital eterna e indivisível do povo judeu".
Por outro lado, Xavier Abu Eid, porta-voz da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), disse à agência Efe que a política da Prefeitura de Jerusalém "simplesmente reafirma a política do Governo de Benjamin Netanyahu" e advertiu que "se Jerusalém Oriental não for capital do Estado palestino não haverá nenhuma solução entre os dois Estados".
De acordo com Abu Eid, a construção do Kidmat Zion "segue a política israelense de criar um anel de colônias entre a Cidade Antiga de Jerusalém e o resto do território palestino ocupado. A ideia é implantar colonos radicais em zonas palestinas densamente povoadas para forçar os mesmos a sair da cidade".