Milei: "enviarei um projeto de lei ao Congresso para penalizar a aprovação de orçamentos nacionais que resultem em déficit fiscal" (AFP)
Editora de Finanças
Publicado em 9 de agosto de 2025 às 10h22.
O presidente da Argentina, Javier Milei, voltou à TV na noite de sexta-feira, 8, para responder aos ataques da oposição na Câmara dos Deputados. O discurso, em cadeia nacional, foi uma resposta direta aos quase dois terços dos parlamentares que, no dia anterior, apresentaram novos projetos que, segundo Milei, comprometeriam o equilíbrio fiscal do país.
O presidente argentino afirmou que "eles querem quebrar a economia e levar a Argentina ao abismo”. Milei aproveitou a ocasião para defender o equilíbrio fiscal e anunciou duas iniciativas para reforçar o controle econômico do país.
Milei explicou que, nos próximos dias, tomará duas medidas para reforçar o déficit zero e a política monetária do governo. A primeira delas consiste em uma instrução ao Ministério da Economia para proibir que o Tesouro Nacional financie o gasto primário por meio da emissão monetária.
Por que o dólar bateu recorde na Argentina?A segunda será o envio de um projeto de lei ao Congresso para penalizar a aprovação de orçamentos que resultem em déficit fiscal. A medida visa evitar o aumento da dívida pública.
"Em primeiro lugar, na segunda-feira, 11, assinarei uma instrução ao ministério da Economia para proibir que o Tesouro financie o gasto primário por meio de emissão monetária. O Tesouro Nacional não poderá pedir dinheiro emprestado ao Banco Central para financiar sua despesa. Esta é uma medida que, embora, na prática, já seja implementada, agora será formalizada."
"Em segundo lugar, nos próximos dias, enviarei um projeto de lei ao Congresso para penalizar a aprovação de orçamentos nacionais que resultem em déficit fiscal. Este projeto estabelece uma regra fiscal estrita que exige ao setor público nacional obter um resultado financeiro com equilíbrio ou com superávit. Também estabelecerá uma sanção penal aos legisladores e aos funcionários públicos que não cumprirem essas regras fiscais", disse o presidente argentino.
O discurso de Milei não se limitou a medidas econômicas, mas incluiu críticas pesadas à oposição e ao Congresso. Ele afirmou que a oposição busca destruir a economia do país e ainda acusou seus membros de usarem “causas nobres” como desculpa para aprovar leis que, segundo ele, levariam o país à falência.
Durante o discurso, Milei chegou a citar Sun Tzu, autor de A Arte da Guerra, e Virgílio, com quem comparou a política argentina, referindo-se à prática da oposição como uma maneira de controlar a narrativa política de maneira destrutiva.
O presidente também reafirmou seu compromisso com a reforma fiscal e fez uma advertência direta à oposição. “Se vocês querem voltar atrás, terão que me tirar com os pés para frente”, disse.
Milei também se referiu ao cenário eleitoral de outubro, destacando que a única solução para os desafios do país é a eleição de um novo Congresso que permita que os avanços necessários ocorram com maior velocidade.