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Japoneses quase centenários resistem a se aposentar

Mais de 29 milhões de japoneses já passaram dos 65 anos e formam população mais velha do mundo

Distrito comercial de Tóquio: Japão é um país onde as pessoas resistem à aposentadoria (Kiyoshi Ota/Getty Images)

Distrito comercial de Tóquio: Japão é um país onde as pessoas resistem à aposentadoria (Kiyoshi Ota/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 26 de janeiro de 2011 às 09h55.

Tóquio - Um respeitado médico de 99 anos, uma poetisa quase centenária e até um ator pornô de mais de 70 anos simbolizam a inquietação dos que resistem a aposentaria no Japão, o país com a população mais velha do mundo.

Mais de 29 milhões de japoneses já passaram dos 65 anos e fizeram parte do "milagre econômico" que tirou o Japão da miséria após a Segunda Guerra Mundial e o transformou em uma das principais potências econômicas do mundo.

Para essas pessoas, o centro de sua vida passou a ser seu trabalho, enquanto a maioria das mulheres se ocupava da educação dos filhos, por isso que em vez de a aposentadoria ser aguardada, passou a ser considerada algo que os afastava da engrenagem da sociedade japonesa.

Essa vontade de contribuir para a sociedade fez com que o Japão se tornasse um país onde a população resiste a se aposentar.

Entre essas pessoas está Shigeaki Hinohara, possivelmente o único médico do mundo que continua trabalhando aos 99 anos.

Hinohara, um dos médicos pessoais da imperatriz Michiko, começou a trabalhar na área no departamento de medicina interna do St. Luke's International Hospital, em Tóquio, em 1941, onde ficou até 1998.

Nesse ano passou a dedicar a maior parte de seu tempo a dar conferências e escrever: é autor de cerca de 120 livros, entre eles "Ikikata jozu" (Saber viver, na tradução livre), um guia para uma vida sadia e longa e que vendeu mais de 1,2 milhão de exemplares.

Além disso, Hinohara é criador de um movimento que promove hábitos saudáveis entre os idosos e os ajuda a enfrentar os desafios.


O médico procura manter uma vida saudável e bastante agitada. Dorme apenas cinco horas por noite, escreve um blog e tem uma agenda repleta de entrevistas profissionais para os próximos três anos. Seu próximo compromisso é uma conferência em Honolulu (Havaí) em fevereiro.

Outro caso famoso no Japão é o de Toyo Shibata, uma escritora que, prestes a completar cem anos, ficou conhecida graças à sua coleção de poemas "Kujikenaide" (Não se Desespere, na tradução livre), que se transformou em best-seller.

Toyo se aventurou na poesia aos 90 anos, quando começou a se sentir "velha" e seu filho recomendou que ela colocasse suas sensações na poesia, afirmou à Agência Efe uma porta-voz da editora Asuka Shinsha, responsável pela publicação.

Em seus poemas, Toyo - quem foi dona de casa durante boa parte de sua vida - estimula seus leitores (a maioria de terceira idade) a continuar sonhando.

Ela planeja publicar seu segundo livro em 26 de junho, quando completará cem anos.

No Japão, também há idosos em profissões menos comuns, como a de Shigeo Tokuda, o nome artístico de um agente de viagens que depois que se aposentou há 15 anos, decidiu iniciar uma nova carreira e virou ator pornô.

Tokuda, de 76 anos, se tornou uma estrela do cinema pornô no Japão com mais de 250 filmes, embora em muitos deles tenha uma pequena participação.

Este veterano ator se recusa a divulgar seu nome real porque seus parentes desconhecem os detalhes de seu trabalho e, segundo ele, estão felizes por continuar ativo.

No entanto, o veterano do mundo cinematográfico do Japão é o diretor Kaneto Shindo. Com 98 anos e 45 filmes, ele resiste a se aposentar, apesar de no ano passado ter declarado que em breve pararia de trabalhar.

O amor pelo trabalho é frequente entre os idosos no Japão, onde para muitas pessoas os 60 anos - a idade mínima requerida para a aposentadoria - representam apenas o início de sua vida profissional.

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