Desastre: o julgamento busca determinar a responsabilidade dos executivos e comprovar se teria sido possível evitar o acidente nuclear (Christopher Furlong/Getty Images)
EFE
Publicado em 30 de junho de 2017 às 08h36.
Tóquio - O julgamento de três ex-diretores da empresa encarregada da operação da central de Fukushima começou nesta sexta-feira em Tóquio, no Japão, a primeira ação judicial que acusa os responsáveis da usina de não terem tomado as medidas necessárias para evitar o desastre nuclear de 2011.
Durante a primeira sessão do julgamento, os três ex-diretores da Tokyo Electric Power (Tepco) se declararam inocentes dos acusações, segundo a agência japonesa "Kyodo".
"Peço desculpas pelas consequências deste acidente tão sério", afirmou hoje um dos réus, Tsunehisa Katsumata, de 77 anos e presidente da companhia no momento do acidente. O mesmo, no entanto, acrescentou que "era impossível de prever (o desastre)", em declarações veiculadas pela "Kyodo".
A acusação considera que o acidente em Fukushima, cujos reatores sofreram fusões parciais após o sistema de refrigeração entrar em pane, expôs os moradores dos arredores da usina a altas emissões de radiação.
Além disso, a ação afirma que os diretores - o próprio Katsumata e os ex-vice-presidentes Sakae Muto, de 67 anos, e Ichiro Takekuro, de 71 - são responsáveis pelo fato de 13 pessoas, entre elas funcionários da usina e membros das forças armadas, terem ficado feridas após o acidente e pela morte de 44, que tiveram que ser evacuadas do hospital onde estavam internadas.
O julgamento busca determinar a responsabilidade dos executivos e comprovar se teria sido possível evitar o acidente nuclear.
Uma investigação da própria Tepco já alertava em 2008 que, se ocorresse um terremoto de magnitude 8 na escala de Richter perto da costa de Fukushima, a central nuclear poderia ser atingida por um tsunami de mais de 15 metros, segundo informações do processo.
Assim, o julgamento se concentrará em comprovar se os três ex-diretores conheciam os riscos e, se for o caso, determinar os motivos de não terem tomado as medidas para garantir a segurança.
A organização de defesa do meio-ambiente Greenpeace comemorou o início do julgamento, pois o considera um "passo histórico para fazer justiça" aos sobreviventes do desastre nuclear, segundo um comunicado divulgado hoje pelo grupo.