Manifestação contra a pena de morte em Tóquio, em 2014: ao menos 483 pessoas foram executadas no ano passado em 18 países, segundo a Anistia Internacional (AFP/AFP)
AFP
Publicado em 21 de dezembro de 2021 às 07h02.
O Japão executou nesta terça-feira, 21, três prisioneiros no corredor da morte, as primeiras penas capitais aplicadas desde dezembro de 2019, informou uma fonte do governo, que defende a polêmica punição para lutar contra os "contínuos crimes atrozes".
O Japão, com mais de 100 condenados no corredor da morte, é um dos poucos países desenvolvidos que ainda aplica a pena capital, uma medida com amplo apoio da opinião pública, apesar das críticas dos grupos de defesa dos direitos humanos.
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Estas foram as primeiras execuções do governo do primeiro-ministro Fumio Kishida, que assumiu o poder em outubro e venceu eleições gerais no mesmo mês.
Uma porta-voz do ministério da Justiça informou que um dos executados foi Yasutaka Fujishiro, de 65 anos, que matou com um martelo e uma faca uma tia de 80 anos, dois primos e outras quatro pessoas em 2004.
Os outros dois executados foram Tomoaki Taknezawa, de 54 anos, e seu cúmplice Mitsunori Onogawa, 44, acusados de matar duas pessoas em uma sala de jogos recreativos em 2003.
No Japão, as penas são aplicadas muitos anos após a sentença, e sempre por enforcamento.
"Manter ou não a sentença de morte é um tema importante que afeta os fundamentos do sistema de justiça criminal do Japão", afirmou o diretor adjunto da secretaria do gabinete de governo, Seiji Kihara.
"Diante dos crimes atrozes que continuam acontecendo, um após o outro, é necessário executar aqueles cuja culpa é extremamente grave, o que torna inapropriado abolir a pena de morte", acrescentou.
As execuções aconteceram poucos dias após o incêndio criminoso de sexta-feira que matou 25 pessoas em uma clínica psiquiátrica na cidade de Osaka.
Em 2019, a justiça nipônica executou três presos; um ano antes 15, incluindo 13 membros da seita Aum Shinrikyo, acusados pelo ataque fatal com gás sarin no metrô de Tóquio em 1995.
Após vários anos de espera, os réus no corredor da morte só recebem a notícia da execução poucas horas antes da aplicação da pena.
Dois detentos denunciaram o governo por este sistema, que consideram ilegal e a causa de angústia psicológica.
Ambos buscam uma indenização de quase 200.000 dólares pelo estresse causado pela incerteza sobre a data da execução.
Em dezembro de 2020, o principal tribunal japonês revogou uma decisão que impedia um novo julgamento contra um homem considerado o detento que passou mais tempo no corredor da morte, o que deu esperança para o cidadão de 85 anos.
Iwao Hakamada passou mais de meio século com a sentença de morte, depois de ser condenado em 1968 pelas acusações de roubo e assassinato de seu chefe, a esposa deste e os dois filhos adolescentes do casal.
Mas ele e seus apoiadores alegam que confessou o crime após o interrogatório "brutal" da polícia, que incluiu agressões, e que as evidências do caso foram plantadas.
Ao menos 483 pessoas foram executadas no ano passado em 18 países, segundo a Anistia Internacional.
O número representa uma queda de 25% na comparação com o ano anterior e reflete uma tendência de redução desde 2015.
Porém, o número não inclui "milhares" de execuções que se acredita que aconteceram na China, que mantém suas informações em segredo, assim como na Coreia do Norte e no Vietnã.
Japão e Estados Unidos são os únicos membros do G7 que ainda aplicam a pena de morte.